Seis meses depois do acidente que matou 62 pessoas em Valinhos (SP), a Voepass pediu à Vara Regional Empresarial de Ribeirão Preto uma série de medidas que, segundo a empresa, servirão como preparação para um futuro processo de recuperação judicial.
A Voepass quer que seus credores sejam impedidos de “proceder com bloqueios, constrições e retirada, inclusive de aeronaves”.
Na petição, a companhia aérea revela que acumula mais de 215 milhões de reais em dívidas. Ao mesmo tempo, cobra 35 milhões de reais da Latam e alega que a “inadimplência” da outra empresa em um contrato de parceria é a “principal causa” de sua crise financeira.
Desde então, a Voepass diz ter sido “obrigada” a suspender o pagamento de seus acordos trabalhistas e cíveis, do arrendamento de aeronaves e de serviços essenciais, como combustível, e a atrasar a segunda parcela do 13º salário de seus funcionários.
Na última segunda-feira, o juiz José Guilherme di Rienzo Marrey nomeou a Laspro Consultores para realizar a constatação prévia, que é uma espécie de perícia inicial para avaliar se a Voepass tem condições mínimas de se recuperar.
O advogado Gabriel de Britto Silva, especializado em direito empresarial, explica que um dos objetivos dessa etapa é impedir a utilização “temerária” do processo judicial para recuperar uma sociedade empresária que não apresenta mais condições de obter êxito e se sustentar em sua atividade econômica.
O magistrado também deu cinco dias para a Latam se manifestar sobre os pedidos da Voepass, que exige que a outra aérea deposite 34.774.407,92 reais em sua conta e retome o pagamento mensal de 7.320.927,98 reais por quatro aeronaves que a Latam deixou de utilizar.