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Você saberia sobreviver a emergência catastrófica? Conselhos europeus

A sensação de segurança de viver num país europeu desenvolvido, aumentada depois do desmanche do comunismo soviético, foi só isso, uma sensação. Alguns indícios mostram que o clima ficou carregado. Entre eles, o manual de sobrevivência que o governo francês vai mandar a todas os domicílios do país e as novas recomendações da Comissão Europeia para um kit de sobrevivência por 72 horas em caso de eventos catastróficos. As palavras não são mencionadas, mas é impossível não pensar em ataque nuclear.

Os mais céticos acham que pode ser apenas uma operação psicológica, para preparar a opinião pública para gastos maiores com a defesa, que definitivamente virão, em especial depois que o governo de Donald Trump está dizendo com todas as letras que a Europa tem que tomar conta de si mesma.

Os kits básicos são muito parecidos: seis litros de água por pessoa, dez unidades de alimentos enlatados, rádio de pilha com baterias extras (e conhecimento de quais estações sintonizar, segundo o manual francês), lanterna (e mais pilhas), ferramentas como as dos canivetes suíços, papel higiênico e sacos plásticos (para descartar dejetos), produtos de higiene como absorventes para mulheres, material de primeiros socorros e as tais fitas adesivas para isolar a radiação, o que parece simplesmente patético diante das dimensões apocalípticas de uma bomba nuclear, mas é o que se pode fazer.

Alguns especialistas recomendam comprimidos de iodo, também para combater a radiação acumulada da tireóide, onde provoca câncer.

VINTE MINUTOS PARA FUGIR

Os países mais preparados da Europa são Noruega, Suécia e Finlândia, não por acaso fronteiriços ou muito próximos da Rússia. A Finlândia, que resistiu bravamente durante três meses a um ataque do Exército Vermelho durante a II Guerra Mundial, tem praticamente um outro país construído debaixo da terra, para acomodar a população em caso de invasão com requintes que chegam a piscinas e salas de ginástica. O treinamento de civis também é uma prática comum.

Conhecimentos básicos, como saber para onde ir durante os apenas vinte minutos que separam o lançamento de um foguete russo de uma capital como Londres, o alarme dado pelas autoridades e a explosão devastadora, dependendo da localização, são essenciais.

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E para onde ir, na falta de um abrigo específico? O subsolo de prédios grandes é considerado uma alternativa, mas obviamente a maioria da população ficaria em casa – daí os kit individuais. Fora isso, procurar as estruturas mais sólidas e ficar longe das janelas, onde cada pedaço de vidro estilhaçado viraria um punhal com a devastadora onda de choque. Fora a destruição de proporções inimagináveis, o pulso magnético eliminaria todas as comunicações – daí o apelo aos velhos radinhos de pilha.

Todo mundo entende que a humanidade entrou num novo patamar quando o átomo foi quebrado, iniciando a cadeia de desenvolvimento de bombas de poder até inconcebível para as pessoas comuns,

Durante o ápice da Guerra Fria, foi desenvolvida a doutrina da Destruição Mutuamente Garantida. Ou seja, ter os meios para garantir que o inimigo seria pulverizado, mesmo depois de sofrer um ataque devastador, funcionava como um poderoso dissuasivo. Nenhum agente racional desfecharia um ataque sabendo que a represália seria igualmente catastrófica. Na falta de argumento melhor, aceitamos essa realidade, mesmo que subconscientemente.

PROPAGANDA RUSSA

A guerra da Ucrânia e o novo expansionismo russo abalaram muitas dessas certezas. Uma das táticas de Vladimir Putin e seus asseclas, principalmente quando os planos não saíram exatamente como concebidos, foi romper um tabu universal e começar a falar em ataques nucleares, como uma forma de intimidação à opinião pública dos países ocidentais.

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A propaganda russa chegou a fazer um vídeo simulando o ataque a Londres com uma única bomba de 750 quilotons, mostrando em detalhe os círculos de destruição que deixariam 850 mil mortos, de imediato, sem contar os efeitos posteriores da radiação e das queimaduras extremas, num total calculado em dois milhões de feridos.

Obviamente, nenhum ataque nuclear seria isolado e seria seguido por uma sequência de represálias e novos ataques. Nenhum lugar do planeta, nem o protegido interior da vastidão do território brasileiro, escaparia em razão da propagação das nuvens radiativas e do inverno nuclear, a obstrução da luz solar durante anos pela nuvem de detritos provocada pelas explosões em série, impossibilitando o ciclo dos produtos agrícolas. Um dos cálculos mais comuns diz que 360 milhões de pessoas morreriam diretamente numa guerra nuclear total e outros cinco bilhões pereceriam de fome pelo colapso no plantio e nas linhas de abastecimento.

Os Estados Unidos têm 5 044 ogivas nucleares e a Rússia, 5 580.

FINA CAMADA DE CIVILIZAÇÃO

O que pode fazer o cidadão comum, com suas latinhas de atum e radinhos de pilha? São elementos que podem ajudar em outras emergências, inclusive no caso de ciberataques de grandes proporções, mas não deixam de ter um aspecto quase patético diante das proporções de um ataque nuclear.

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Durante muito tempo, houve uma tendência a ridicularizar os “preppies”, como são chamados os que se preparam para m desastre – sem contar a exploração de influenciadores de extrema direita, que faturam muito vendendo elementos para os kids de sobrevivência mais sofisticados.

Mas muita gente que não é dessa esfera já percebeu que precisa fazer preparativos, se não para uma guerra nuclear, no mínimo para longos períodos de queda de energia, pela ação de chuvas ou de ataques cibernéticos.

A camada que separa a civilização da barbárie é muito fina. Iniciativas como as do governo francês de do Conselho Europeu nos lembram disso.

“Ninguém pode dizer o que acontecerá nos meses e anos por vir”, alertou Emmanuel Macron. É um lugar comum, mas o fato de que o presidente francês o tenha dito durante uma campanha para anunciar o aumento do número de reservistas das Forças Armadas para mais do que o dobro dos atuais 40 mil mostra que a ideia de armazenar latinhas de atum talvez não seja tão inútil.

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