A nova gestão de Donald Trump na presidência dos EUA apresenta um cenário ambíguo para a economia brasileira, com impactos que variam entre desafios e oportunidades. Por um lado, se Trump tirar do papel as promessas de cunho protecionistas, como tarifas mais altas sobre importações e estímulos à produção doméstica, isso pode reduzir a competitividade de exportações brasileiras, especialmente em setores como o aço e commodities agropecuárias. Além disso, a valorização do dólar e juros mais altos nos EUA tendem a atrair investimentos para lá, reduzindo a liquidez em mercados emergentes como o Brasil.
Por outro lado, o enfraquecimento das relações comerciais dos EUA com a China pode abrir espaço para exportações brasileiras em alguns setores. Claro que isso viria acompanhado de tensões geopolíticas e desvalorização cambial, que podem encarecer insumos importados. Além disso, o aumento da oferta de petróleo nos EUA pode pressionar os preços globais da commodity, afetando negativamente as exportações brasileiras.
Um ponto interessante é a indiferença de Trump em relação ao Brasil. Como afirma um banqueiro brasileiro: “Não vejo Trump se importando com o Brasil”. Essa postura pode ser benéfica ao evitar conflitos diretos ou sanções específicas. No entanto, o mesmo banqueiro ressalta: “Coisa mais importante é acompanhar o desempenho da taxa de juro americana”, destacando a relevância das taxas de juros do Federal Reserve para os fluxos financeiros globais e seus impactos no Brasil.
Outro aspecto relevante é que o protecionismo de Trump pode intensificar pressões inflacionárias nos EUA, exigindo uma política monetária mais rígida por parte do Federal Reserve. Isso pode levar o Banco Central brasileiro a elevar a taxa Selic para conter a fuga de capitais e estabilizar o câmbio, dificultando ainda mais o crescimento econômico interno.
Ou seja, enquanto as políticas de Trump trazem desafios significativos para o comércio e os investimentos no Brasil, sua indiferença pode ser explorada estrategicamente. O governo brasileiro precisará adotar uma postura pragmática e fortalecer sua política fiscal para mitigar os impactos negativos e aproveitar eventuais oportunidades na nova conjuntura global.