O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a acusar o Brasil de ser um dos países que mais cobram tarifas sobre os produtos americanos. “A China é uma grande criadora de tarifas. Índia, Brasil, tantos, tantos países”, afirmou nesta segunda-feira 27, durante um discurso a apoiadores na Flórida. “Não vamos deixar isso acontecer mais, porque vamos colocar a América em primeiro lugar, sempre colocar a América em primeiro lugar.”
Segundo Trump, o Brasil e os demais países citados “querem o mal” aos Estados Unidos, e a resposta deve ser a imposição de sobretaxas às importações oriundas dessas nações. Na cerimônia de ontem, ele sublinhou que “tarifa” é uma das palavras de que “mais gosta”. “Trataremos as pessoas de modo muito justo, mas a palavra ‘recíproco’ é importante”, acrescentou.
Com isso, o republicano reforça sua disposição de levar adiante a promessa de campanha de impor pesadas tarifas de importação a países que julga prejudicar os Estados Unidos. Nos últimos dias, por exemplo, Trump venceu uma queda de braço com a Colômbia, envolvendo a deportação de imigrantes ilegais colombianos e a imposição de uma sobretaxa de 25% aos produtos do país latino.
Esta é a segunda vez que o presidente americano menciona explicitamente o Brasil como um potencial alvo de sanções relacionadas ao comércio bilateral. Em novembro, após vencer a eleição que lhe garantiu seu segundo mandato na Casa Branca, Trump afirmou que o Brasil cobra “tarifas demais” e advertiu: “se eles querem nos cobrar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa.”
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, no ano passado, as exportações brasileiras para o país somaram 40,3 bilhões de dólares. O montante foi 9% maior que o registrado em 2023, e representou 12% do total de exportações. Apesar das queixas de Trump, o Brasil acumulou um ligeiro déficit comercial com os americanos em 2024, já que as importações provenientes de lá totalizaram 40,6 bilhões de dólares. A cifra é 7% maior que a do ano retrasado. Com isso, o déficit com os Estados Unidos foi da ordem de 300 milhões de dólares em 2024.