“A sombra do mal paira sobre a inteligência artificial“, declarou o Vaticano nesta terça-feira, 28, sobre os riscos da desinformação impulsionada por IA. Em nota assinada pelo Papa Francisco, a Igreja Católica faz um apelo aos governos mundiais para endurecer a regulamentação da IA e alerta que os conteúdos falsos ameaçam “minar as fundações da sociedade”.
Elaborado por especialistas da Santa Sé, o extenso ensaio publicado hoje critica a concentração de poder sobre a inteligência artificial nas mãos de “poucas empresas poderosas”, afirmando que é necessário ter responsabilização das plataformas digitais sobre o uso nocivo da IA. “Estas entidades, motivadas por seus próprios interesses, têm a capacidade de exercer formas de controle tão sutis quanto invasivas, criando mecanismos para a manipulação de consciências e do processo democrático”, diz a nota.
Nos últimos anos, o Papa Francisco vem chefiando dentro da Igreja uma ampla cruzada contra o abuso das novas tecnologias e seus efeitos severos sobre a sociedade. Na semana passada, o pontífice enviou uma mensagem ao Fórum Econômico Mundial, na Suíça, cobrando líderes mundiais por mais empenho na regulação das plataformas digitais, citando “preocupações críticas”.
Em junho do ano passado, em discurso na Cúpula do G7, na Itália, o Papa declarou que sistemas de IA não são “nem objetivos, nem neutros”. Reconhecendo que a inteligência artificial abre espaço para avanços científicos, tecnológicos e intelectuais sem precedentes, Francisco defendeu a criação de uma “ética do algoritmo” que contemple “culturas, religiões, órgãos internacionais e grandes corporações”.
Já no último sábado, 25, o sumo pontífice voltou a abordar as novas tecnologias com foco nas redes sociais, afirmando que o consumo excessivo de conteúdo na internet causa “podridão cerebral” — o jargão, popularizado nos últimos anos e eleito palavra do ano pelo dicionário Oxford em 2024, descreve um estado de “deterioração mental e intelectual” decorrente do uso abusivo da internet.
