Aos 28 anos de idade, o diretor japonês Hiroshi Okuyama já vem chamando a atenção da indústria do cinema como um nome que merece atenção. Tanto que seu último filme, Sol de Inverno, saiu elogiado do Festival de Cannes do ano passado, quando foi exibido na mostra Um Certo Olhar – espaço para novos talentos em ascensão e para roteiros que fazem recortes sensíveis da vida humana. Na trama, dois pré-adolescentes, um menino e uma menina, se conectam por causa da patinação no gelo e criam um laço de amizade com o treinador, interpretado pelo ator Sosuke Ikematsu. O garoto sofre de gagueira e a menina, de timidez. Já o treinador esconde um segredo sobre sua vida pessoal. “Esse é um filme sobre os silêncios que as pessoas carregam”, disse Ikematsu a VEJA. “Existe a imagem de que os japoneses são introvertidos, mas creio que toda a sociedade possui silêncios dentro de si. Uma prova é nosso contexto atual, com diversos conflitos no mundo, e as dificuldades que as pessoas têm de se comunicar.”
Sol de Inverno é o segundo longa-metragem de Okuyama, que nasceu em Tóquio, em 1996 – o primeiro, Jesus, de 2018, foi celebrado em diversos festivais. Polivalente, ele dirige, escreve, edita e opera a câmera em seus filmes. A ideia original para Sol de Inverno veio da música Boku no Ohisama, do duo japonês Humbert Humbert. “A canção tem um trecho que diz: “tem algo que eu quero falar, mas não consigo de forma eficaz. Então o filme acolhe quem sente essa solidão, de quando queremos transmitir um sentimento sem sucesso”, disse o diretor.
Questões sobre gênero permeiam a trama, entre elas a antiga discussão sobre “o que é de menino e o que é de menina”. “O Japão está atrasado em relação ao Brasil nas discussões sobre gênero. Mas, aos poucos, nossa sociedade vem mudando no sentido de deixar as pessoas viverem sem esconder quem elas são e o que elas querem fazer. E isso é muito positivo”, disse Ikematsu. Sol de Inverno está em cartaz nos cinemas brasileiros.
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