O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, foi a Moscou nesta sexta-feira, 17, para um encontro com seu homólogo russo, Vladimir Putin, em que devem assinar um amplo pacto de cooperação. O Kremlin disse que o “tratado de parceria estratégica abrangente” vai dos setores de comércio e cooperação militar aos de ciência, educação e cultura.
Este é o terceiro encontro entre Pezeshkian e Putin desde a eleição do líder iraniano em julho. Aliados cada vez mais próximos, Teerã e Moscou ampliam sua parceria pouco antes da posse de Donald Trump nos Estados Unidos, na próxima segunda-feira, 20. O novo chefe da Casa Branca prometeu ser mediador de um acordo de paz na Ucrânia e assumir uma postura mais dura em relação ao Irã – que já está lidando com crescentes problemas econômicos e reveses militares em sua esfera de influência no Oriente Médio.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, porém, descartou qualquer ligação da data de assinatura com a posse de Trump, dizendo que o acordo havia sido planejado há muito tempo.
Laços históricos, e progressivamente estreitos
Dando as boas-vindas a Pezeshkian enquanto eles se sentavam para as negociações, Putin disse que o novo tratado “dará um impulso adicional a praticamente todas as áreas da nossa cooperação”. O iraniano concordou, enfatizando a “importância estratégica” dos laços com Moscou.
Os laços entre Rússia e Irã se estreitaram depois que Putin comandou a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Kiev e seus aliados no chamado mundo ocidental acusaram Teerã de fornecer a Moscou centenas de drones explosivos (o que ambos negam). Além disso, no ano passado, o Irã se juntou ao Brics, bloco das economias em desenvolvimento, e Pezeshkian participou de sua cúpula, que foi sediada pela Rússia em Kazan.
Embora tivessem um histórico de relações problemáticas, os governos russo e iraniano desenvolveram laços cordiais após o colapso da União Soviética, em 1991, quando Moscou emergiu como um parceiro comercial essencial e fornecedor de armas e tecnologias para Teerã, que é alvo de sanções internacionais severas.
Em 2013, a Rússia construiu a primeira usina nuclear do Irã, e agora está instalando mais dois reatores. Dois anos depois, o Kremlin fez parte do acordo entre iranianos e seis potências nucleares, oferecendo alívio de sanções para Teerã em troca da contenção de seu programa de armas atômicas. Putin ofereceu apoio político ao Irã quando os Estados Unidos, durante o primeiro mandato de Trump, saíram unilateralmente do acordo.
Golpes ao “Eixo”
Rússia e Irã também uniram esforços para apoiar o governo de Bashar Assad durante a guerra civil da Síria – mas falharam em impedir sua vertiginosa queda no mês passado, após uma ofensiva relâmpago de grupos rebeldes.
A queda de Assad desferiu outro golpe no que o Irã chama de seu “Eixo da Resistência” no Oriente Médio, que já havia sido massacrado pelas ofensivas de Israel contra duas milícias islâmicas a seu serviço – o Hamas, em Gaza, e o Hezbollah, no Líbano. Tel Aviv também atacou o Irã diretamente em duas ocasiões.
Por essas e outras, Teerã precisa cada vez mais da assistência de Moscou. Os problemas podem se aprofundar depois que Trump retornar à Casa Branca, tendo prometido uma política de “pressão máxima” sobre a nação islâmica. Em particular, os iranianos estão interessados em armas russas sofisticadas, como sistemas de defesa aérea de longo alcance e jatos de combate, para ajudar a afastar possíveis ataques de Israel.