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Rubens Paiva: certidão de óbito é revisada para responsabilizar ditadura

A causa oficial do óbito de Rubens Paiva, ex-deputado federal e engenheiro, foi revisada para “morte violenta” provocada pelo Estado brasileiro. O sequestro e assassinato do ex-parlamentar por autoridades durante a ditadura militar brasileira, em 1971, é tema do aclamado longa-metragem Ainda Estou Aqui, que concorre ao Oscar de melhor filme em 2025.

A certidão de óbito foi corrigida na última quinta-feira, 23, pelo Cartório da Sé, em São Paulo. A nova versão descreve a morte de Rubens Beyrodt Paiva como “não-natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”.

A revisão ocorre após o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidir, em dezembro do ano passado, que 202 pessoas mortas pelo Exército entre 1964 e 1984 devem ser alteradas para reconhecer a violência do regime militar contra opositores do governo. Outros 232 brasileiros que desapareceram nesta época por ação do Estado terão direito a um atestado de óbito — os números são baseados no relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que investigou os crimes da ditadura contra os próprios cidadãos.

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), que funciona no âmbito do Ministério dos Direitos Humanos, está encarregada de buscar os familiares das 434 vítimas da ditadura e enviar os novos documentos de óbito, juntamente a um pedido oficial de desculpas do Estado. “Organizamos um formulário para cada família indicar dois representantes para receber as novas certidões, bem como a forma e local, e depois faremos uma sistematização dessas informações”, diz a VEJA a procuradora Eugênia Gonzaga, presidente da Comissão Especial.

‘Ainda Estou Aqui’ fura a bolha e joga luz sobre crimes da ditadura

O caso Rubens Paiva foi relatado em detalhes pelo filho do ex-deputado, o escritor Marcelo Rubens Paiva, no livro “Ainda Estou Aqui”. A obra reconta, do ponto de vista do autor, o sequestro do ex-parlamentar de esquerda e o drama de sua viúva, Eunice Paiva, que tornou-se uma das mais notórias ativistas brasileiras por direitos humanos após o crime contra seu marido.

No filme de Walter Salles inspirado na obra, Rubens e Eunice Paiva são interpretados por Selton Mello e Fernanda Torres — o sucesso nacional e internacional da trama rendeu à brasileira o Globo de Ouro de Melhor Atriz, no último dia 5 de janeiro. Na última semana, foi confirmada sua indicação ao Oscar pela atuação, além da nomeação de “Ainda Estou Aqui” como Melhor Filme e Melhor Filme Internacional.

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