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Quer proteger o coração e ter uma vida longa? Então priorize o sono

Hoje sabemos, por meio de estudos, que dormir mal impacta diretamente a saúde cardiovascular. A ponto de a American Heart Association (AHA) incluir o sono na lista Life’s Essential, que passou a ser composta por oito fatores para uma vida plena: boa alimentação, atividade física, não fumar, controle de peso, do colesterol e da pressão arterial, gerenciamento do açúcar no sangue e sono de qualidade.

O sono é um estado natural, recorrente e reversível de um desligamento da percepção, com diminuição da consciência e imobilidade relativa. Para conquistar um sono de qualidade, porém, alguns fatores devem ser considerados: regularidade (dormir e acordar aproximadamente no mesmo horário); tempo (em média entre sete e oito horas); satisfação em dormir; notar se o sono é reparador ou se há sensação de cansaço no dia seguinte; se é profundo ou apenas uma sonolência, entre outros.

Um estudo americano, publicado recentemente no Journal of Clinical Sleep Medicine, mostrou uma correlação significativa entre insônia e doenças do sistema cardiovascular, como entupimentos das coronárias, fibrilação atrial, insuficiência cardíaca, hipertensão e acidente vascular cerebral isquêmico e hemorrágico.

Mas o vínculo entre sono ruim e saúde cardíaca ainda parece ser novidade para a maioria. Em pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), constatou-se que cerca de 58% dos brasileiros não fazem essa ligação. Além disso, 59% dos entrevistados afirmaram que dormem menos de seis horas, sendo 46,6% entre cinco e seis horas e 12,8% quatro horas ou menos.

O levantamento foi feito com 1.765 pessoas (56,6% mulheres e 43,4% homens) em Araçatuba, Araras, Bauru, Marília, Presidente Prudente, Santos, São José do Rio Preto, Vale do Paraíba e na capital paulista.

Visando a uma maior conscientização sobre as benesses do dormir, celebramos, no dia 14 de março, o Dia Mundial do Sono, idealizado pela Associação Mundial de Medicina do Sono (WASM) e pela Federação Mundial do Sono (WSF). Neste ano, seu slogan é “Faça da saúde do sono uma prioridade”.

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Os inimigos do sono… e do peito

Atualmente é possível catalogar os diferentes vilões do dormir com qualidade, graças a métodos como a polissonografia – que registra e analisa a atividade cerebral, muscular, respiratória e cardíaca durante o sono. A polissonografia não só quantifica o tempo de não vigília como identifica alterações, como apneia, sonambulismo e insônia.

A insônia é definida como uma dificuldade em iniciar ou manter o sono. Em boa parte das ocorrências, não é a causa em si, mas a consequência de outros problemas de saúde. Durante a anamnese do paciente com insônia, o médico irá investigar possíveis razões para o quadro.

Caso seja diagnosticado algum problema de saúde que leve à insônia, é ele que deve ser tratado para que a consequência seja um sono de qualidade. Somente quando não for encontrada uma doença que explique a abstinência de sono é que o profissional deverá lançar mão da terapia medicamentosa.

Os remédios hipnóticos devem ser usados na menor dose e pelo menor tempo possível. Outras classes, como os antipsicóticos, antidepressivos e ansiolíticos também podem ser utilizados para ajudar. Vale lembrar que são remédios controlados por receita médica e o paciente deve manter acompanhamento regular.

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Entre os agentes ocultos por trás da insônia estão dores no corpo, refluxo e tosse, doença p ulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença renal crônica, dispneia, apneia, câimbras, mal de Parkinson eAlzheimer, consumo de bebida alcoólica, sintomas da menopausa e medicações com efeito diurético.

Com o passar dos anos, também ocorre uma redução do tempo e da qualidade do sono. Assim, idosos tendem a dormir menos ou de forma fragmentada. Mas, também para o público geriátrico, os médicos precisam identificar se a insônia é “natural” ou manifestação de outras patologias.

Idosos, geralmente, fazem uso de mais medicamentos por conta de comorbidades e eles podem comprometer o bom sono. Por isso, cada caso deve ser analisado individualmente. Porém, o tratamento proposto requer um olhar sobre a interação com outros fármacos, prevenindo qualquer efeito colateral nocivo, como tonturas e consequente risco de queda e piora da cognição.

Higiene do sono

A higiene do sono contribui para a saúde de maneira geral e vale para todas as pessoas, mesmo para aquelas que não sofrem com insônia. Ela requer mudanças na rotina.

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Entre as recomendações, ir para cama apenas quando estiver com sono e não para esperá-lo chegar; ao despertar e não conseguir dormir novamente, a orientação é levantar e buscar uma atividade relaxante. Vale lembrar que mexer no celular, fazer trabalho doméstico e assistir TV são estímulos que irão deixá-lo ainda mais desperto. Já uma leitura dentro do contexto de relaxamento ou fazer orações são opções viáveis.

Quando não houver uma doença por detrás das noites mal dormidas, técnicas de meditação, como o mindfulness, são bastante recomendadas. Cientificamente comprovada, a prática surgiu nos Estados Unidos na década de 1970. Trata-se de um exercício no qual se busca o esvaziamento da mente com exercícios de respiração. O mindfulness também é muito indicado para a abordagem de doenças mentais, cardiovasculares e hipertensão por ser capaz de combater o estresse, melhorando a qualidade de vida.

Quem tem problemas para dormir deve seguir algumas regras: evitar cochilos durante o dia; praticar exercícios físicos, desde que não aconteçam próximo da hora do descanso; adormecer e despertar nos mesmos horários; evitar bebidas com cafeína, alimentos de difícil digestão, álcool e refrigerantes próximo da hora de ir para a cama; entender que o tabaco é inimigo do bom sono (e da saúde de maneira geral); priorizar ambiente escuro e sem ruídos.

A busca por uma boa noite de sono precisa ser encarada como uma necessidade fisiológica cuja conquista funcionará como um santo remédio para manter uma série de doenças afastadas, contribuindo, ainda, para um novo dia produtivo e tranquilo.

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* Roberto Dischinger Miranda é cardiologista e geriatra, médico da Unifesp e assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP); Patricia Perniciotti é psicóloga e coordenadora geral do Departamento de Psicologia da SOCESP

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