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Quais são as fabricantes tradicionais que já se renderam à onda do álcool zero?

Em todo o mundo, parece haver uma tendência, em especial entre mais ricos e mais jovens: na esteira de uma maior preocupação com a saúde, as pessoas estão deixando de lado as bebidas alcoólicas, em nome da sobriedade ou do consumo de substâncias menos danosas. A indústria tem se adaptado a essa tendência e, em todo o mundo, surgem opções sem álcool de drinques tradicionais. 

A cerveja é a principal delas. Em todo o mundo, desde 2018, a categoria sem álcool da queridinha dos brasileiros apresenta uma taxa de crescimento anual de 3,6%, uma inclinação que supera em muito os 0,3% de incremento visto no produto convencional. Em resposta a esse movimento, a St. James’s Gate Brewery, uma das marcas mais tradicionais da história lançou sua primeira Guinness zero álcool na Europa, em uma das maiores inovações da empresa em três décadas. 

A tendência também ocorre no Brasil. Por aqui, mesmo que ainda represente apenas 3% do total consumido em sua versão original, estima-se que a venda de cervejas sem álcool chegou a 480 milhões de litros apenas em 2024, um crescimento de mais de 20% em relação ao ano anterior.

O cenário levou empresas tradicionais no ramo a lançarem produtos destinados ao público menos ortodoxo. A Heineken 0.0, por exemplo, chegou ao Brasil em 2020, três anos após ser introduzida na Alemanha e na Holanda. Já a Ambev lançou a Bud Zero em 2023, uma versão livre do intoxicante da Budweiser tradicional, após o teste de ao menos 18 formulações diferentes. 

A empresa também estendeu o movimento às bebidas artesanais. A mineira Wäls, por exemplo, lançou em 2023 sua primeira cerveja IPA com zero teor alcoólico, a Wäls Session Free

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Fora do mercado das cervejas, a tendência também ganha força. A Diageo, além de investir em uma marca de bebidas não alcoólicas, lançou em 2023 uma versão zero do Captain Morgan Spiced Gold, um rum tradicionalíssimo. Enquanto isso, a Pernod Ricard faz sucesso internacional com a sua Ceder’s, um destilado sem álcool feito com mais de uma dezena de extratos diferentes. 

A moda também pegou entre os franceses e, por lá, a tradicional vinícola Clos de Boüard já anunciou que um terço das vendas corresponde a vinhos sem álcool, na mesma medida em que, no Japão, a principal cervejaria do país prevê que até 2040 os rótulos sem álcool respondam por metade das vendas da empresa.

Saúde

Até que isso tenha um grande impacto global, contudo, vai levar um tempinho. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2000 e 2020, a queda no consumo de bebidas alcoólicas em todo mundo foi pequena, passando de 5,1 litros per capita por ano para 4,9 litros. No Brasil, os números são 8,7 e 7,7 litros per capita, respectivamente. 

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O impacto sobre as populações mais pobres, onde as tendências que crescem nos grupos mais privilegiados demoram a chegar, também se mantém alto. Segundo a OMS, o álcool ainda é responsável por mais de 2,6 milhões de mortes anuais em todo o mundo. O mais recente levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool revela ainda que os pretos e pardos — isto é, a população mais vulnerável economicamente — são os mais vitimados pela ingestão. E o impacto não é pequeno: de acordo com a Fiocruz, são 18 milhões de gastos anuais, apenas no Brasil. 

Isso acontece devido a força cultural desse consumo. Desde a antiguidade o álcool está disseminado entre diversas nacionalidades, apesar dos anúncios sempre frequentes a respeito dos danos à saúde. Tanto é que, segundo historiadores, o consumo tende a aumentar em períodos de crise, como ocorreu em alguns países durante a pandemia da Covid-19. A ver se, dessa vez, se trata mesmo de tendência ou se é apenas mais um modismo. 

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