Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira, 2, uma tarifa inédita de 50% sobre produtos importados do Lesoto – a mais alta aplicada a qualquer país. Segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, a medida foi uma resposta a uma suposta taxa de 99% imposta pelo Lesoto sobre mercadorias americanas. No entanto, autoridades do país africano afirmam desconhecer o imposto e não sabem como a administração Trump calculou esse valor.
Durante um discurso em março, Trump definiu Lesoto como um país “do qual ninguém nunca ouviu falar”. A declaração provocou uma resposta do governo lesotiano, que lembrou ao republicano que os EUA mantêm uma embaixada na capital, Maseru.
Apesar de sua pequena dimensão e de ser inteiramente cercado pela África do Sul, o Lesoto tem uma história rica. No ano passado, o país celebrou dois séculos desde a fundação da nação Basotho e 58 anos de independência do Reino Unido. Além disso, seu cenário montanhoso atrai turistas, especialmente no inverno, quando se torna um destino popular para esquiadores.
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Peso das tarifas
A indústria têxtil é o pilar da economia lesotiana, com 75% de sua produção destinada aos Estados Unidos. Sem tarifas dentro do bloco regional que inclui Botsuana, Namíbia, África do Sul e Suazilândia, o país também exporta diamantes, lã, mohair e energia.
Com a nova tarifa imposta pelos EUA, o custo dos produtos fabricados no Lesoto aumentará, reduzindo sua competitividade no mercado americano. Em 2024, o comércio bilateral entre os dois países foi de US$ 240,1 milhões, sendo o setor de vestuário uma fatia significativa desse valor. Para um país onde quase metade da população vive abaixo da linha da pobreza e 25% enfrenta o desemprego, essa barreira comercial pode ter consequências graves.
O governo do Lesoto já está em busca de alternativas. O ministro do Comércio, Mokhethi Shelile, afirmou que pretende explorar novos mercados dentro da África, utilizando a Área de Livre Comércio Continental Africana para expandir suas exportações. Além disso, uma delegação será enviada aos Estados Unidos para tentar negociar um acordo mais equilibrado. Shelile também destacou preocupações com o possível fechamento de fábricas, o que impactaria diretamente os 12 mil trabalhadores da indústria têxtil no lesotiana.