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Por que Edmar Bacha acha que a inflação pode cair, e a resposta de Galípolo

Uma conta feita por Edmar Bacha, um dos economistas que participaram da elaboração do Plano Real, estima que, com a rápida queda do dólar das últimas semanas, a inflação brasileira, hoje em 4,5%, pode voltar mais rápido para ao centro da meta, que é de 3%, do que o Banco Central tem previsto. Na prática, isso significa que os juros decididos pelo BC poderiam ser menores do que está sendo calculado já em 2025, dado que os efeitos da política monetária não são imediatos e se estendem para o ano seguinte.

Bacha, que hoje é diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica da Casa das Garças, participou de um evento da entidade na manhã desta quarta-feira, 12, com o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e direcionou a sua pergunta a ele.

A projeção mais recente do Banco Central é de que a inflação, medida pelo IPCA, deve seguir fora da meta pelo menos pelos próximos dois anos e encerrar 2026 em 4,2%. Esta é a estimativa detalhada na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada na semana passada e que serviu de base para a decisão de elevar a taxa de juros para 13,25% em janeiro.

A projeção oficial, entretanto, conforme apontou Bacha, parte de uma taxa de câmbio de 6 reais, que era a cotação média observada nas semanas anteriores à última vez em que o Copom se reuniu, no fim de janeiro. O dólar, entretanto, já caiu mais de 6% desde o início do ano e é negociado hoje a 5,77 reais, o que, atualizando as contas em um modelo similar ao utilizado pelo próprio BC, leva, de acordo com Bacha, a inflação aos 3% do alvo da meta até a segunda metade de 2026.

“A ata da última reunião parte de 6 reais por dólar, de onde resulta que, no terceiro trimestre de 2026, a inflação ainda estará em 4%, acima da meta”, disse a Galípolo o ex-presidente do IBGE e do BNDES. “Desde então, contudo, o câmbio tem se apreciado bastante. Hoje abriu a 5,76 reais, 4% abaixo do ponto de partida da ata. Isso quer dizer que, tudo o mais constante, e em uma conta aproximada, a inflação deveria estar em 3%, ou seja, no centro da meta, no terceiro trimestre de 2026, caso a ata fosse escrita hoje. O senhor concorda com essa afirmação?”, continuou Bacha.

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Em sua resposta, Gabriel Galípolo afirmou que o BC deve ser cauteloso em reagir às volatilidades de mercado. “O Banco Central tem em seu mandato a função de reduzir a volatilidade de mercado, porém seria bom que não a agregasse. É bastante importante que a autoridade monetária tenha o tempo e o poder de analisar como os dados se comportam ao longo do tempo, e não ficar reproduzindo reproduzindo mudanças de direção de maneira tão bruxa”, disse o presidente do BC.

“Temos a nossa rota de planejamento bastante definida até a próxima reunião e vamos ganhar tempo para ver como os dados reagem e poder separar o que é sinal de mudança do que é ruído”, continuou Galípolo.

“Isso que é resposta de um presidente de Banco Central”, respondeu Bacha.

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