O Brasil planeja lançar um fundo de US$ 125 bilhões para a proteção de florestas tropicais durante a COP30, que será sediada em Belém, em novembro.
A iniciativa faz parte de uma estratégia mais ampla para transformar as negociações climáticas em ações concretas, diante do impacto da saída dos Estados Unidos da diplomacia ambiental, que ameaça desacelerar o progresso global.
As tratativas para a criação do fundo estão avançadas, e alguns países já demonstraram interesse em atuar como contribuidores âncora.
Entre eles, estão Alemanha, França, Emirados Árabes Unidos e Cingapura. A expectativa do governo é que o fundo esteja operacional e apto a receber aportes financeiros já no início da conferência.
A iniciativa, chamada Tropical Forests Forever Facility (TFFF), propõe remunerar países por cada hectare de floresta preservado. Brasil, Colômbia, Indonésia e República Democrática do Congo estão entre as nações que poderão se beneficiar do mecanismo.
O Banco Mundial está colaborando no desenvolvimento do fundo e deve assumir sua gestão.
A criação do TFFF faz parte de uma estratégia mais ampla do governo brasileiro para tornar a COP30 um evento decisivo no combate às mudanças climáticas.
Além do fundo florestal, há planos para impulsionar discussões sobre a criação de um mercado multilateral de carbono e o estabelecimento de uma estrutura comum para investimentos sustentáveis.
A conferência, que ocorre na cidade amazônica de Belém, também marca os 10 anos do Acordo de Paris, pacto global que compromete quase todas as nações a limitar o aquecimento global a menos de 2°C — e, idealmente, a 1,5°C — em relação aos níveis pré-industriais.
O encontro, no entanto, acontece em meio a um cenário geopolítico desafiador. As últimas cúpulas do clima da ONU foram marcadas por impasses, e o recuo dos Estados Unidos na agenda ambiental impõe desafios adicionais.
O presidente Donald Trump retirou, pela segunda vez, a maior economia do mundo do Acordo de Paris e reduziu o financiamento internacional para o clima.
Ao mesmo tempo, a União Europeia tem redirecionado parte de sua ajuda externa para gastos com defesa, em resposta à guerra na Ucrânia. Diante desse contexto, o Brasil busca reforçar o papel do multilateralismo na governança climática global.
O planeta já ultrapassou a marca de 1,5°C de aquecimento global em média anual pela primeira vez em 2024, sinalizando uma escalada preocupante nas mudanças climáticas. As temperaturas devem continuar subindo a menos que medidas drásticas sejam adotadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Diante do ritmo lento da descarbonização global, o Brasil aposta na conservação florestal como uma solução imediata para conter o avanço do aquecimento.
As florestas já absorvem bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, funcionando como um dos principais mecanismos naturais de mitigação climática. No entanto, o desmatamento segue como um desafio global.
Apesar da redução na Amazônia brasileira sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a perda de vegetação nativa aumentou em outras regiões do mundo, com 6,4 milhões de hectares desmatados em 2023.