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Pistas do fundo do mar apontam para uma era de furacões mais intensos

Um estudo publicado na revista Science Advances revelou que a atividade de ciclones tropicais na região do Caribe tem aumentado gradualmente há milênios — e deve se intensificar nas próximas décadas, em decorrência das mudanças climáticas. A conclusão veio de uma fonte incomum: o fundo do mar.

Pesquisadores da Universidade Goethe de Frankfurt, na Alemanha, analisaram um núcleo de sedimento marinho de 30 metros de profundidade, retirado de uma formação submersa na costa de Belize, país da América Central. Por se tratar de um ambiente estável, com pouca movimentação de água e ausência de oxigênio no fundo, esse local, conhecido como Grande Buraco Azul, preserva camadas de sedimentos acumuladas ao longo do tempo, funcionando como um registro natural de eventos extremos.

Análise de camadas preservadas no fundo do mar revela alta constante na atividade de furacões e projeta até 45 tempestades no Caribe neste século
The Great Blue Hole (ou O Grande Buraco Azul, em português) na costa de Belize.Aerial Filmworks/Getty Images

O que os sedimentos revelaram?

Cada ciclone que passou pela região deixou sua marca: uma camada mais espessa e clara de fragmentos de conchas, corais e outros detritos, chamada de tempestite. Ao todo, os pesquisadores identificaram 694 camadas desse tipo, referentes a eventos ocorridos nos últimos 5.700 anos. A série histórica revelou um crescimento contínuo na frequência de tempestades, com aceleração mais recente associada ao aquecimento global.

Nos últimos 20 anos, nove ciclones tropicais passaram pela região analisada — um número considerado alto demais para ser explicado apenas por variações naturais do clima. Se as tendências observadas continuarem, o estudo estima que até 45 ciclones poderão atingir a área durante o século XXI.

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Por que a frequência está aumentando?

Segundo os autores, a intensificação dos ciclones está relacionada a dois fatores principais: o aumento da temperatura da superfície do mar e o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical, uma faixa atmosférica que influencia a formação de tempestades no Atlântico. Quando essa zona se desloca, altera a rota e a intensidade das tempestades tropicais, afetando especialmente o Caribe.

Além disso, o estudo mostra que momentos históricos de maior aquecimento global — mesmo os naturais — coincidiram com aumentos temporários na atividade ciclônica. Isso sugere que o cenário atual, agravado pela ação humana desde a Revolução Industrial, pode provocar um salto sem precedentes na frequência e intensidade dos furacões.

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