O papa Francisco recebeu um presente hoje, domingo, 16, no Gemelli, em Roma, onde ele está internado há 31 dias, com quadro estável, mas complexo. Cerca de 300 crianças, acompanhadas de seus pais e avós, se reuniram na porta da instituição para levar uma “carícia simbólica”, como divulgou o Vaticano, ao Santo Padre. Munidos de cartazes com frases como “O Papa ajuda a todos” e “A escola católica torce por você”, eles se concentraram por volta das 11h30 (7h30 em Brasília), rezaram, cantaram e gritaram para o 10° andar para o pontífice aparecer na janelinha – “Volte para nós!”. Por fim, o último gesto: um grupo acompanhado por Dom Claudio Giuliodori, assistente eclesiástico geral da Universidade Católica do Sagrado Coração, depositou um buquê de flores brancas na capela do hospital (as preferidas de Francisco), acompanhado de uma cartinha onde se lia: “Querida Mãezinha, faça com que o papa Francisco fique bem”.
Meia hora depois, ao meio-dia, quando o texto do Angelus foi divulgado, o Santo Padre devolveu o carinho. “Agradeço a todos vocês pelas orações e agradeço a quem me assiste com tanta dedicação. Sei que muitas crianças rezam por mim; algumas delas vieram aqui hoje ao Gemelli como sinal de proximidade. Obrigado, queridas crianças! O papa ama vocês e espera sempre encontrá-las”, afirmou. Pela quinta vez, ele não recitou a oração dominical, mas voltou a pedir paz para as guerras na Ucrânia, Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão e República Democrática do Congo. O pontífice também lembrou que aprovou um processo de três anos para implementar reformas na Igreja Católica, incluindo a possibilidade de mulheres servirem como diaconisas e uma maior inclusão de pessoas LGBTQIA+. “Rezemos pela Igreja, chamada a traduzir em escolhas concretas o discernimento feito na recente Assembleia Sinodal”. Leia o texto do Angelus no final desta reportagem.
O evento da manhã faz parte da Giornata Mondiale dei Bambini, criado pelo papa Francisco para proteger vulneráveis e valores como a paz, a fraternidade e a solidariedade. A primeira edição ocorreu em 2024 e agrega escolas, associações e instituições religiosas, promovendo momentos de oração, atividades educativas e encontros com o líder da Igreja Católica.
“As crianças são o Evangelho desenhado em cores, suas orações são a expressão de uma fé pura e verdadeira, e nelas há um mundo que ainda sabe sonhar”, diz o presidente do Comitê Pontifício, padre Enzo Fortunato. “Elas nos lembram, de maneira desarmante, que a vida é um dom, que a pureza é o olhar mais belo e que a ternura é um ponto de força”, acrescenta o franciscano.
Texto do Angelus divulgado hoje:
Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje, segundo domingo da Quaresma, o Evangelho nos fala da Transfiguração de Jesus (Lucas 9,28-36). Ao subir no alto de uma montanha com Pedro, Tiago e João, Jesus se recolhe em oração e se torna radiante de luz. Dessa forma, Ele mostra aos discípulos o que está por trás dos gestos que realiza no meio deles: a luz do seu amor infinito.
Compartilho com vocês esses pensamentos, pois estou passando por um período de provação e me uno a tantos irmãos e irmãs doentes: frágeis, neste momento, como eu. O nosso físico está fraco, mas, mesmo assim, nada nos impede de amar, de rezar, de nos doarmos, de sermos uns para os outros, na fé, sinais luminosos de esperança. Nesse sentido, quanta luz brilha nos hospitais e locais de cura! Quanto cuidado amoroso ilumina os quartos, os corredores, as clínicas, os locais onde se realizam os serviços mais humildes! É por isso que gostaria de convidá-los, hoje, a se unirem a mim para louvar o Senhor, que nunca nos abandona e que, nos momentos de dor, coloca ao nosso lado pessoas que refletem um raio do seu amor.
Agradeço a todos vocês pelas orações e agradeço a quem me assiste com tanta dedicação. Sei que muitas crianças rezam por mim; algumas delas vieram aqui hoje ao “Gemelli” como sinal de proximidade. Obrigado, queridas crianças! O Papa ama vocês e espera sempre encontrá-las. Continuemos a rezar pela paz, especialmente nos países feridos pela guerra: a martirizada Ucrânia, Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão e República Democrática do Congo. E rezemos pela Igreja, chamada a traduzir em escolhas concretas o discernimento feito na recente Assembleia Sinodal. Agradeço à Secretaria Geral do Sínodo, que nos próximos três anos acompanhará as Igrejas locais nessa tarefa.
Que a Virgem Maria nos proteja e nos ajude a ser, como Ela, portadores da luz e da paz de Cristo.
