O ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira que o que torna famílias superendividadas são os juros cobrados pelas instituições financeiras em operações de empréstimo, e não as dívidas em si.
De acordo com o chefe da pasta, há 86 bilhões de reais em empréstimos de bancos a pessoas físicas atualmente no Brasil, sendo que as instituições estariam cobrando uma taxa de juros superior a 5% ao mês.
Haddad avalia que novas medidas adotadas recentemente pelo governo poderiam facilitar a diminuição dessas taxas. Como exemplo, o ministro citou a nova linha de crédito consignado para trabalhadores, conhecida como Crédito do Trabalhador, assinada pelo presidente Lula na última semana. O dispositivo entrará em vigor nesta sexta-feira.
“Ele (trabalhador) pode usar o consignado privado nos próximos 120 dias para substituir esse empréstimo por um negociado com o sistema financeiro. Não precisa ser no banco onde ele fez o empréstimo. Ele pode fazer isso em outro banco. Ele pode criar uma concorrência entre os bancos para que eles ofereçam o melhor produto e ele pode migrar de uma situação para a outra, o que vai evitar o superendividamento. O que superendivida as famílias é menos a dívida do que o juro. O juro é que faz com que a dívida se torne impagável. E, com esse mecanismo, as pessoas vão ter um crédito barato que vai evitar o superendividamento”, disse Haddad.
A declaração foi dada no Diretório Nacional do PT, em Brasília, onde o ministro compareceu nesta quinta-feira para a posse do novo presidente do partido, o senador Humberto Costa.
Crédito do Trabalhador
Destinada a todos os trabalhadores com carteira assinada do setor privado, inclusive rurais e domésticos, além de MEIs, o Crédito do Trabalhador possibilita que os profissionais utilizem a Carteira de Trabalho Digital para acessar empréstimos mais baratos, com garantia do FGTS.
Com maior acesso às informações do trabalhador, os bancos poderão fazer uma análise de risco mais aprofundada, flexibilizando a taxa de juros a ser aplicada. Outro ponto é o aumento da competição entre as instituições financeiras. No novo sistema, integrado ao aplicativo da CTPS digital, os trabalhadores poderão comparar ofertas no mesmo ambiente.