O presidente da Câmara, Arthur Lira, nega que tenha convocado uma reunião de líderes para discutir a reação do Legislativo à nova decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, sobre as emendas parlamentares, mas é exatamente isso que está fazendo.
E aos 45 minutos do segundo tempo de seu mandato na presidência da Casa.
O novo capítulo da queda de braço entre o STF e o Parlamento aconteceu quando Dino suspendeu o pagamento de 4,2 bilhões de reais em emendas de comissão, muitas delas que seriam empenhadas em Alagoas, terra de Lira.
A coluna imediatamente avisou sobre o problema, ainda mais porque, além de suspender o montante bilionário, Dino pediu a investigação da Polícia Federal sobre a questão — isso no primeiro dia útil após a aprovação do pacote de cortes de gastos.
Ora, ora.
Era óbvio que a tensão aumentaria. Em um ano muito tenso, criou-se uma tensão até no momento final. O que se comenta em Brasília agora é: qual vai ser a resposta de Lira? Afrontar uma decisão do Supremo não é o melhor caminho.
Arthur Lira foi bolsonarista na maior parte do tempo nesses quatro anos como presidente da Câmara. Vestiu a camisa 22 enquanto Bolsonaro foi presidente e encurralou Lula em vários momentos de seu mandato, seja sentando em cima das pautas do governo, seja deixando a bancada da bala nadar de braçada, seja permitindo deputados totalmente inadequados na Comissão de Constituição e Justiça.
Um dos momentos mais simbólicos da forma como o presidente da Câmara sempre agiu foi durante o marco temporal para demarcação das terras indígenas, quando colocou para ser votado no plenário alegando falta de diálogo com o governo.
Por todo o histórico, o que se pergunta neste fim de ano é se Lira, com a convocação da reunião de líderes, reagirá de forma boa, explicando e entregando as atas sobre a liberação das emendas de comissão ou se vai fazer algum “lirismo” de ocasião. A ver…