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O que equipe do Museu Nacional descobriu em missão arqueológica no Egito

O Projeto Neferhotep, transferido em definitivo para o Museu Nacional a partir desse ano, é uma missão que trabalha no complexo funerário de Neferhotep, na Necropole Tebana dos Nobres, no Egito. Ele existe desde de 1999, e era coordenado pela professora Violeta Pereyra, da Universidade de Buenos Aires, que se aposentou. Pedro Luiz Von Seehausen é o novo coordenador do projeto. Em conversa com a coluna GENTE, o arqueólogo conta que a equipe já entregou uma das tumbas no ano passado para a visitação, mas o complexo é composto por mais outras seis, todas do Novo Império. Ou seja, há muito trabalho pela frente.

O complexo funerário de Neferhotep está situado na colina de El-Khokha, na Necrópole Tebana dos Nobres, em Luxor. “Localizado em um lugar especial, perto do caminho que levava ao templo de Hatshepsut, em Deir-el Bahari, durante a bela festa do vale, que era uma festa em que os vivos visitavam os mortos em suas tumbas. Ele é composto por seis tumbas (TT49, TT187, TT362, TT363, Kampp 347 e Kampp 348) associadas à tumba de Neferhotep (TT49). Membro da elite tebana durante a XVIII dinastia, Neferhotep foi um alto sacerdote do templo de Karnak. Sua família havia servido Amon por pelo menos quatro gerações. Seu prestígio era tamanho que ele possuía diversos títulos, como ‘Grande Amon’, ‘escriba’, ‘supervisor da Neferut’. No vestíbulo de sua tumba, é preservado o cartucho do faraó Ai, que permite atribuir a tumba ao seu breve reinado (1327 a.C. – 1323 a.C.). Devido ao seu prestígio, provavelmente, ele desempenhou papel de grande importância no restabelecimento da ortodoxia tebana após o período amarniano”, explica Pedro.

As outras tumbas do local pertencem a sacerdotes wab (uma classe menor de sacerdotes) e são de épocas posteriores que, possivelmente, tinham alguma ligação com Neferhotep. “Assim, como a maioria das tumbas da necrópole, todas as do complexo foram reutilizadas em períodos posteriores da história do Egito Antigo (1070 a.C. – 30 a.C.), por outras pessoas que, ao se sepultarem lá, queriam alguma associação com o espaço sagrado da necrópole. A maioria do material arqueológico data desse período, quando ocorre uma ‘democratização’ das práticas funerárias e elas se tornam mais acessíveis para outros setores da população”, continua o pesquisador brasileiro.

Como é comum em praticamente todo o Egito, as tumbas do complexo foram saqueadas e algumas sofreram incêndios. “Isso é bem interessante para o Museu Nacional, pois, ao mesmo tempo que serviu como um ‘treino’ não premeditado para a equipe do Museu poder realizar uma escavação de resgate nas ruínas do palácio após o incêndio, devido à familiaridade com peças arqueológicas egípcias incendiadas; também cria cenário interessante, pois permite fazer comparação entre os incêndios das tumbas e do Museu Nacional através do material e contexto arqueológico”, diz o egiptólogo e também editor de arquivos tridimensionais no Museu Nacional.

Aliás, o Museu Nacional realiza uma série de pesquisas diferentes no Egito, que vão desde escavações arqueológicas, estudo dos elementos artísticos da tumba, estudo dos alinhamentos arqueoastronômicos, realização de desenhos epigráficos e digitalização 3D da tumba e do material arqueológico para a impressão 3D dessas mesmas peças no Brasil. “Um outro ponto interessante do projeto é que, desde 1999, a equipe da Violeta vem restaurando a tumba de Neferhotep, e depois de 25 anos de restauro, essa tumba foi aberta para a visitação do público em uma cerimônia com o Ministério de Antiguidades Egípcio”, comemora Pedro.

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Trata-se de um projeto de cooperação internacional – incluindo pesquisadores alemães, argentinos, italianos e uruguaios. O Museu Nacional, faz parte do projeto desde de 2014, como um parceiro científico.

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Pedro Luiz Von Seehausen é o coordenador do Projeto Neferhotep –./Divulgação

 

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