A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês), órgão público que responde por cerca de 40% da ajuda humanitária no mundo, se tornou um dos principais alvos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para reduzir os gastos do governo.
O bilionário Elon Musk, que lidera os esforços do governo Trump para reduzir o tamanho do governo americano, afirmou nesta segunda-feira, 3, que quer fechar a Usaid. Segundo Musk, Trump concorda com a ideia de acabar com a agência de ajuda externa dos Estados Unidos.
“Ficou evidente que não se trata de uma maçã com um verme dentro, o que temos é simplesmente um ninho de vermes. Temos que nos livrar de tudo, está além de qualquer conserto. Vamos fechá-la”, disse Musk sobre a Usaid.
O que é a Usaid?
Criada em 1961 pelo presidente John F. Kennedy por meio da Lei de Assistência Estrangeira, que reuniu vários programas existentes na nova agência, a Usaid é o maior doador individual do mundo.
No ano fiscal de 2023, os Estados Unidos destinaram por meio da agência um total de US$ 72 bilhões (quase R$ 421 bilhões, na cotação atual) em ajuda humanitária para diversas áreas, incluindo saúde feminina em zonas de conflito, acesso à água potável, tratamentos para HIV/AIDS, segurança energética e combate à corrupção. Em 2024, a agência forneceu 42% de toda a ajuda humanitária no mundo rastreada pelas Nações Unidas. A USaid, porém, compõe menos de 1% do orçamento federal.
A agência financia projetos para fornecer assistência a regiões atingidas pela fome no Sudão, distribuir livros didáticos para crianças em idade escolar deslocadas na Ucrânia e treinar profissionais de saúde em Ruanda. Os principais beneficiários do financiamento incluem Ucrânia, Etiópia, Jordânia, República Democrática do Congo e Somália.
Programas de saúde foram o maior setor da Usaid em financiamento desde o início dos anos 1990, principalmente após 2004, com os esforços do Departamento de Estado americano para combater o HIV/AIDS. Em 2022, o setor de saúde foi ultrapassado pela assistência humanitária como o maior financiamento da agência e, no ano seguinte, a assistência de governança se tornou o maior setor da Usaid como resultado do apoio dos Estados Unidos à Ucrânia.
Mais de 10 mil pessoas trabalham para a agência, cerca de dois terços das quais atuam no exterior, de acordo com o Congressional Research Service (CRS).
Usaid sob ataque
Ao assumir o cargo, Trump assinou uma ordem executiva para congelar a assistência dos Estados Unidos a nações estrangeiras por 90 dias. A medida desestabilizou a agência de ajuda humanitária, que foi instruída a interromper projetos de longa data como o Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da AIDS (PEPFAR).
Além disso, dois principais oficiais de segurança da Usaid, o diretor John Voorhees e seu vice, foram colocados em licença administrativa na noite de sábado, 1º de fevereiro, após agentes do Doge (Departamento de Eficiência Governamental) – órgão chefiado por Musk – tentarem entrar à força na sede da agência de ajuda humanitária em Washington.
Em meio às polêmicas, o site da agência saiu do ar no sábado — uma possível indicação de uma perda iminente da autonomia da agência que os funcionários previram que Trump tornaria oficial em breve com uma ordem executiva. A conta da agência no X também foi desativada.
“Usaid é uma organização criminosa”, escreveu Musk em sua rede social X, ao responder a um vídeo no qual a agência é acusada de estar supostamente envolvida “em trabalhos sujos da CIA” e na “censura da internet”.