A crise na educação brasileira tem um problema central: a falta de professores qualificados e valorizados. Com salários baixos, poucas perspectivas de crescimento profissional e condições precárias de trabalho, a carreira docente se tornou pouco atraente. O resultado? Escolas sem professores suficientes e alunos sem acesso ao ensino de qualidade. Sem docentes bem preparados e devidamente remunerados, qualquer tentativa de reformar o sistema educacional será insuficiente.
Para enfrentar esse desafio, o governo lançou em janeiro o Programa Pé-de-Meia Licenciaturas, que busca incentivar a formação de novos professores e combater o déficit na rede pública. O programa oferece uma bolsa mensal de R$ 1.050, além de um incentivo à docência de R$ 350 em poupança. Para participar, os candidatos precisam atingir pelo menos 650 pontos no Enem e ingressar em cursos de licenciatura pelo Sisu, Prouni ou Fies Social. O benefício é liberado em duas etapas: metade após o primeiro ano como professor em escola pública e o restante após dois anos de trabalho. A iniciativa é gerida pela CAPES, dentro do programa Mais Professores para o Brasil.
Essa é uma medida emergencial importante, mas insuficiente. A qualidade da educação tem impacto direto no crescimento econômico, na inovação e na competitividade do país. Sem um ensino público robusto e eficiente, continuaremos a formar gerações com déficit de aprendizado, sem capacidade para impulsionar o Brasil no cenário global. Além de incentivos financeiros, precisamos de um plano estrutural que contemple:
— Valorização e progressão de carreira dos professores, com salários adequados e formação continuada.
— Modernização das escolas, garantindo infraestrutura e recursos adequados.
— Atualização curricular, para alinhar o ensino às demandas do século XXI.
— Uso de tecnologia educacional, tornando o aprendizado mais dinâmico e acessível.
Se quisermos, de fato, caminhar rumo a uma educação de qualidade, precisamos mais do que um pé-de-meia. É necessário calçar os sapatos certos: aqueles que protegem, sustentam e dão suporte para uma jornada longa e desafiadora. Só assim construiremos um país capaz de gerar conhecimento, inovação e desenvolvimento sustentável. Educação não é custo. É o maior investimento para o futuro do Brasil