O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um alerta nesta sexta-feira, 17, sobre um fenômeno que pode desestabilizar a economia global: a chamada “dinâmica de expansão e queda”. Embora o crescimento global para 2025 e 2026 tenha sido revisado positivamente para 3,3%, essa projeção ainda está abaixo da média histórica de 3,7% registrada entre 2000 e 2019. No cerne dessa advertência, o FMI destaca a divergência cada vez maior entre o desempenho econômico dos Estados Unidos e o restante do mundo. Enquanto a economia americana se fortalece, outras regiões, como a zona do euro, China, e o Brasil, enfrentam desafios estruturais que ameaçam suas perspectivas de crescimento.
A revisão da projeção de crescimento dos Estados Unidos para 2,7% em 2025, acima dos 2,2% estimados anteriormente, reflete a resiliência de um mercado de trabalho aquecido, que sustenta a economia do país. No entanto, o FMI alerta que essa expansão pode ser insustentável, especialmente se medidas fiscais expansionistas, como cortes de impostos, forem implementadas pela nova administração de Donald Trump. Essas políticas podem criar uma bolha de crescimento que, eventualmente, levaria a uma queda abrupta, afetando não apenas os Estados Unidos, mas também outras economias globais.
Na Europa, o setor industrial continua fraco, enquanto a confiança do consumidor permanece baixa, dificultando a recuperação. Na China, além das tensões comerciais, há questões internas que limitam o crescimento. O país asiático conseguiu cumprir a meta do governo de expandir 5% em2024, mas precisou de estímulos robustos para isso. Essas disparidades aumentam o risco de desequilíbrio econômico global, que pode ser intensificado por políticas protecionistas que estão para serem postas em prática por Trump e que acentuam o fosso entre economias avançadas e mercados emergentes.
Além disso, segundo o FMI, políticas fiscais frouxas podem continuar impulsionando a economia americana no curto prazo, mas a longo prazo podem corroer a confiança nos títulos do Tesouro, que servem como ativos globais de segurança. Se o déficit fiscal americano continuar a crescer, o status do dólar como principal moeda de reserva global pode ser questionado.
Os alertas sobre a desigualdade no crescimento global estão diretamente ligados à desaceleração no ritmo de queda da inflação, que exige políticas monetárias mais duras e restritivas. O FMI projeta que a inflação global cairá para 4,2% em 2025 e 3,5% em 2026, mas com trajetórias distintas entre economias avançadas e emergentes. Para o Brasil, o fundo destaca a necessidade de uma política monetária restritiva para trazer a inflação de volta à meta, especialmente após o país ter encerrado o ano com uma inflação de 4,83%, acima do teto de 4,5%. No entanto, essa abordagem rigorosa, essencial para controlar a inflação, tem um custo: pode desacelerar o crescimento econômico em um momento crítico, quando as economias globais não podem se dar ao luxo de ficar excessivamente vulneráveis à dinâmica dos Estados Unidos.
O FMI ressalta que o Banco Central brasileiro deve agir com prudência, balanceando uma política monetária firme com medidas fiscais que impulsionem o crescimento, sem comprometer a sustentabilidade da dívida pública. Embora o fundo projete uma expansão moderada do crescimento global, essa recuperação está longe de ser robusta. Os Estados Unidos lideram o impulso, mas correm o risco de uma “ascensão seguida de queda”, em grande parte devido às políticas arriscadas do governo de Donald Trump, o que pode ter impactos devastadores em economias ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Nesse contexto, é crucial que o Brasil ancore sua inflação na meta, sem negligenciar a importância de preservar e estimular o crescimento econômico, a fim de mitigar os riscos de vulnerabilidade externa.