A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta, 12, trouxe um cenário que, a princípio, pode ser animador para a esquerda. Isso porque a maioria dos eleitores diz conhecer e votar em Lula, além de dar a ele a vitória em eventual segundo turno contra todas as opções da direita que foram testadas – Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Pablo Marçal e Ronaldo Caiado.
Além disso, a popularidade de Bolsonaro vai de mal a pior, com sua rejeição batendo 57%. Esse percentual indica que a maioria dos eleitores conhecem e não votam no líder da extrema-direita.
O alerta que os dados trazem ao PT, no entanto, é sobre a vontade do eleitor de ter um presidente que não seja Lula. Apesar da boa popularidade e potencial de votos do presidente, 52% dos eleitores opinam que Lula não deve se candidatar novamente. Esse índice já foi de 58% em outubro e de 53% em julho.
Junto com esse recado, a pesquisa dá outra informação relevante: caso Lula não seja candidato, o petista mais bem posicionado para substituí-lo na disputa pelo Palácio do Planalto é Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda.
No meio político, contudo, Haddad costuma ser comparado ao vice-presidente Geraldo Alckmin em relação a seu baixo carisma e potencial de votos em uma eleição nacional.
Dentro do próprio PT, Haddad está longe de ser uma unanimidade –o que torna sua candidatura ainda mais frágil. Recentemente, inclusive, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, deixou claro que discorda de uma guinada do partido em direção ao centro. Para bons entendedores, essa é uma posição que contraria uma eventual indicação do ministro como postulante da sigla ao Planalto. Analisei as declarações de Gleisi em outro texto desta coluna.
Está ficando cada vez mais difícil para o PT evitar o surgimento de líderes que possam substituir Lula como principal nome da esquerda. Enquanto foi possível, o partido e o próprio Lula conseguiram sufocar todas as lideranças capazes de ocupar esse lugar. Agora, no entanto, parece cada vez mais inevitável que a legenda mude de postura –seja por causa da necessidade do eleitorado ou pela idade e saúde de Lula, que já começam a despertar atenção do eleitor.