O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, depôs pela primeira vez nesta terça-feira, 10, em seu julgamento por corrupção, tornando-se o primeiro líder israelense em exercício a assumir a posição de réu criminal.
Em seu primeiro depoimento no Tribunal Distrital de Tel Aviv, Netanyahu se descreveu como um líder dedicado e um defensor dos interesses de Israel, argumentando que as acusações contra ele são “absurdas”.
O julgamento, adiado em função da guerra em Gaza, foi retomado após decisão judicial na semana passada. A audiência foi realizada em uma sala subterrânea, a poucos minutos do quartel-general da defesa israelense.
“Estou esperando há oito anos por este momento para dizer a verdade”, disse Netanyahu aos três juízes responsáveis pelo caso. “Mas eu também sou primeiro-ministro. Estou liderando o país através de uma guerra de sete frentes. E eu acho que as duas coisas podem ser feitas em paralelo.”
O tribunal determinou que Netanyahu deverá depor três vezes por semana, apesar da troca de fogo com o Hamas e das ameaças regionais em potencial, incluindo a recente queda do presidente Bashar al-Assad na Síria.
Antes do testemunho, Amit Hadad, advogado de Netanyahu, criticou o que chamou de falhas fundamentais na investigação, acusando os promotores de realizarem uma caça às bruxas contra seu cliente. “Eles não estavam investigando um crime, estavam perseguindo uma pessoa”, declarou.
Do lado de fora do tribunal, se reuniram manifestantes divididos entre apoiadores e críticos do primeiro-ministro. Alguns exigiam que Netanyahu priorizasse a negociação para libertar os cerca de 100 reféns mantidos pelo Hamas em Gaza, ao invés de focar em eliminar o grupo terrorista.
Acusações contra Netanyahu
Netanyahu enfrenta acusações de suborno, fraude e abuso de confiança, relacionadas a três casos envolvendo presentes de amigos milionários e supostos favores regulatórios concedidos a magnatas da imprensa em troca de cobertura midiática favorável.
Ele nega todas as acusações, alegando que elas representam uma caça às bruxas orquestrada por uma mídia hostil e um sistema legal tendencioso, com objetivo de derrubar seu governo.
“A verdadeira ameaça à democracia em Israel não está nos representantes eleitos pelo povo, mas em algumas das autoridades policiais que se recusam a aceitar a escolha dos eleitores e estão tentando realizar um golpe com investigações políticas raivosas que são inaceitáveis em qualquer democracia”, disse Netanyahu em um comunicado na última quinta-feira.
O premiê israelense foi indiciado em 2019 e agora é o primeiro chefe de governo em exercício do país a enfrentar acusações criminais. Ele está no poder quase ininterruptamente desde 2009, sendo o líder mais longevo da história de Israel.