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MP recomenda não derrubar corredor verde em SP, Prefeitura ignora e usa de truculência com ambientalistas

A cena não poderia ser mais deprimente. Moradores de meia idade agarrados a árvores gigantes foram arrancadas à força pela Guarda Civil Municipal, nesta quinta-feira, 7. Houve até a presença da tropa de choque para deter um grupo, a maioria de profissionais liberais, que não se conforma com a decisão da Prefeitura de São Paulo em derrubar cerca de 180 árvores, que formam um corredor verde, que liga dois parque importantes, o Ibirapuera e a Aclimação. O motivo: dar mais vazão aos carros. Enquanto o mundo procura modelos sustentáveis de mobilidade, a maior cidade do país dá um vexame nacional.

Há pouco mais de uma semana, o Ministério Público começou a investigar o projeto e recomendou que a obra fosse parada. Mas a Prefeitura ignorou e acelerou os cortes das árvores, que ficam na Rua Sena Madureira, na Vila Mariana, bairro que no passado era formado apenas por chácaras, o que explica a quantidade de áreas verdes que possue. A recomendação do MP, porém, parece ter aumentado a pressa da prefeitura em derrubar ipês, seringueiras e pau-ferros enormes  e saxagenárias.  Donas de casa, médicos e ambientalistas, que moram na região há décadas, correram para tentar impedir o processo e a confusão foi formada. De motosserras na mão, os funcionários tentavam cortar as árvores sob gritos de “assassinos”.

A função dos corredores

Os corredores verdes são criados para criar a conectividade de parques, praças e outras áreas verdes. Funcionam como caminhos seguros para pássaros e outros animais, além de diminuir o impacto da poluição. A tendência de grandes centros é aumentar essas áreas e não diminuir, como São Paulo. Nova York , por exemplo, já inciou a construção de uma minifloresta, no extremo sul da Ilha de Roosevel, com mais de 1000 plantas nativas. A cidade também tem parques suspensos. Além de estar na contramão da sustentabilidade, a obra em questão não foi discutida com a população impactada.

O projeto é antigo, elaborado em 2011, na gestão Gilberto Kassab, mas foi deixada de lado. “Desde que a prefeitura retomou a ideia de contruir o túnel, houve apenas uma audiência pública, virtual, e durante a pandemia”, diz o médico sanitarista Eduardo Jorge, de 72 anos, que mora na região há 34 anos. Como outros da região, ele passou a quinta-feira tentando impedir que o verde vire concreto. A prefeitura em nota diz que haverá compensação. “O plano é uma muda para cada árvore”, explica Jorge que vem acompanhando junto com a Associação dos Moradores da Vila Mariana (AMV), o desnrolar desse imbroglio.

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“Estamos esperando que o juiz assine a suspensão da obra”, diz Denise Delfim, vice-presidente da entidade, que organiza um revezamento na avenida em questão. Há turma que fica durante o dia e outra na vigilia da noite, uma forma de tentar retardar os trabalhos enquanto a Justiça não se manifesta de fato.

Leia:

+ https://veja.abril.com.br/agenda-verde/mp-investiga-construcao-de-tunel-em-sp-que-elimina-corredor-verde-entre-os-parques-ibirapuera-e-aclimacao#google_vignette

Há outras questões ambientais envolvidas na obra. Uma delas é a nascendo de um rio, documentado em mapas antigos do bairro, que a Prefeitura nega existir. O bairro é rico em córregos subterrâneos, tanto que não raro, quando fazem fundação de novos prédios, a água jorra como fonte, em um desperdício irreparável.

O túneo também desapropria duas comunidades, que estão há décadas na Vila Mariana. Os moradores souberam da obra, quando as máquinas chegaram para retirar as árvores. Nessa sexta-feira, os integrantes da AVM e apoiadores desse movimento “Salvem a Sena Madureira” passaram o dia lá, esperando que mais pessoas ajudem nessa resistência. Eles ainda têm esperança que a Justiça pare ao que chamam de “crime”. Não se trata de um grupo xiita de ambientalistas, apenas de moradores que brigam pelo direito à sustentabilidade, a melhores planos de mobilidade e uma cidade mais humana, onde senhoras e senhores de meia idade, que pagam impostos, não são ameaçados por querer fazer valer seus direitos. “É uma vergonha”, diz Eduardo.  Jorge. “Depois de 13 anos, não houve nem uma nova licitação.”

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No movimento “Salve as árvores da Sena Madureira” há cerca de 400 pessoas envolvidas, mas

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