Costumava jogar sem luvas, daí os dedos tortos, e gostava de manga. Haílton Corrêa de Arruda, o goleiro Manga, morreu nesta terça-feira, 8, no Hospital Rio Barra, no Rio de Janeiro, em consequência de um câncer de próstata. Nascido em Recife, Pernambuco, deixou uma marca indelével nos gramados, defendendo vários clubes e a seleção brasileira. O Dia do Goleiro foi instituído em sua homenagem, no dia de seu nascimento, 26 de abril de 1937. Ele tinha 87 anos.
A trajetória de Manga começou no Sport, onde chegou ainda adolescente. Foi nas categorias de base do Leão da Ilha que ele recebeu o apelido que o acompanharia por toda a vida, devido ao seu hábito de pedir mangas maduras perto do centro de treinamento. Pelos juvenis do Sport, conquistou um tricampeonato estadual e logo ascendeu ao time profissional, estreando em 1955. Em 1958, conquistou seu primeiro e único título como titular pelo Sport, o Campeonato Pernambucano. Sua passagem pelo clube durou até 1959.
Em 1959, Manga transferiu-se para o Botafogo, a convite do técnico João Saldanha, e rapidamente se tornou titular absoluto. No Glorioso, viveu uma década de ouro, sendo considerado por muitos o maior goleiro da história do clube. Com o clube carioca, levantou quatro taças do Campeonato Carioca (1961, 1962, 1967 e 1968) e três do Torneio Rio-São Paulo (1962, 1964 e 1966). Sua identificação com o clube era tamanha que ele costumava dizer que, em jogos contra o Flamengo, já gastava a premiação da vitória antecipadamente. Ao todo, foram 442 jogos defendendo a camisa alvinegra.
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As grandes atuações no Botafogo o levaram à seleção brasileira. Sua primeira convocação ocorreu em 1965, e a estreia foi em um amistoso contra a Alemanha Ocidental. Manga integrou o elenco que disputou a Copa do Mundo de 1966 na Inglaterra, onde atuou em uma partida contra Portugal. No total, vestiu a camisa amarelinha em 12 ocasiões.
Carreira no Uruguai
Após dez anos de sucesso no Rio de Janeiro, Manga transferiu-se em 1969 para o Club Nacional de Fútbol, do Uruguai. Em terras uruguaias, viveu o que muitos consideram o auge de sua carreira. Como titular incontestável, conquistou quatro Campeonatos Uruguaios consecutivos (1969, 1970, 1971 e 1972), além da inédita Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes em 1971.
Em 1974, aos 37 anos, Manga retornou ao Brasil para defender o Internacional. No Colorado gaúcho, manteve o alto nível, conquistando o Campeonato Gaúcho em três oportunidades (1974, 1975 e 1976) e o bicampeonato do Campeonato Brasileiro em 1975 e 1976. Sua performance em 1976 lhe rendeu a Bola de Prata da Revista Placar.
Após deixar o Internacional, Manga continuou a brilhar em outros clubes, como o Operário-MS (chegando às semifinais do Brasileirão de 1977), o Coritiba (onde conquistou o Campeonato Paranaense de 1978 e mais uma Bola de Prata), e o Grêmio (onde venceu o Campeonato Gaúcho de 1979). Encerrou sua vitoriosa carreira no Barcelona de Guayaquil, no Equador, em 1982, após conquistar o Campeonato Equatoriano de 1981.
Dia do goleiro
A data de seu nascimento, 26 de abril, foi instituída como o Dia do Goleiro no Brasil, em reconhecimento à sua importância para a posição. Após se aposentar, Manga continuou ligado ao futebol como treinador de goleiros e viveu um período nos Estados Unidos antes de retornar ao Equador. Nos últimos anos, enfrentou problemas de saúde e financeiros, sendo amparado no Retiro dos Artistas.
A história de Manga se confunde com a própria história do futebol brasileiro. Sua agilidade, técnica e personalidade o consagraram como um dos maiores nomes da sua posição. O Brasil perde um ícone, mas o legado de Manga como um goleiro lendário permanecerá para sempre na memória dos amantes do futebol.