A última turnê de Milton Nascimento, que ocorreu em 2022, foi registrada pelas lentes da diretora Flavia Moraes no documentário Milton Bituca Nascimento, em cartaz nos cinemas. O filme mostra o cantor brasileiro, de 82 anos, em viagens pelo Brasil e pelo mundo para apresentar a sua derradeira despedida dos palcos.
Apesar de não se apresentar mais ao vivo, o músico, portador de diabete e doença de Parkinson, não se aposentou da música. No ano passado, lançou um disco com a violoncelista e cantora Esperanza Spalding, indicado ao Grammy deste ano, e no carnaval foi homenageado pela escola de samba Portela, no Carnaval do Rio de Janeiro.
Milton Nascimento conversou com VEJA por e-mail sobre o filme, Carnaval e o Grammy e garantiu: “me despeço dos palcos, mas da música, jamais”. Confira a seguir:
O documentário Milton Bituca Nascimento, dirigido por Flavia Moraes, mostra sua despedida dos palcos. Após assisti-lo, dois anos após o fim da turnê, sentiu saudade dos palcos? Meu sentimento em relação ao filme é de muita felicidade, principalmente quando penso nos tantos amigos preciosos que a vida me deu e que estão ali presentes. Sobre a saudade dos palcos, ela sempre vai existir, afinal, foi onde passei a maior parte da minha vida. No entanto, tenho participado de alguns eventos de vez em quando, para matar a saudade que sinto dos palcos e do público. Como sempre digo, me despeço dos palcos, mas da música, jamais.
Recentemente, no Grammy, Esperanza Spalding fez um protesto após o senhor não ter sido convidado para se sentar a mesa dos artistas. Como reagiu ao ver que toda a comunidade musical também ficou indignada com a situação? Olha, fiquei muito feliz por ter sido defendido pela Esperanza e por todo o carinho e amor que recebi de tanta gente. Durante toda a minha vida, fui guiado pelas amizades e pela música. Na minha viagem aos Estados Unidos, encontrei diversos amigos, cantei, revisitei lugares e me diverti. Sinceramente, é apenas isso que realmente importa na minha vida.
O senhor foi tema da escola de samba Portela. O que sentiu ao receber esta homenagem? Com certeza foi uma das maiores homenagens que eu já recebi. Nada se compara com aquela energia da Sapucaí. E eu só tenho que agradecer a Portela por tanto carinho, jamais vou esquecer tudo o que eles fizeram por mim.