Embora seja uma decisão pessoal e sem qualquer obrigação legal, a permanência do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos tem provocado um verdadeiro chororô na família. Depois de o ex-presidente Jair Bolsonaro verter lágrimas diante das câmeras ao comentar o assunto, e do próprio Eduardo cair em prantos durante uma entrevista ao falar sobre a reação do pai, agora foi a vez do vereador de Balneário Camboriú Jair Renan Bolsonaro (PL) chorar ao tratar do tema.
O filho Zero Quatro de Bolsonaro subiu na tribuna da Câmara Municipal da cidade catarinense e não conseguiu segurar o pranto ao rebater críticas de seus adversários sobre a permanência de seu irmão em terra estrangeira. Segundo ele, “foi duro” ver a reação do pai após o anúncio de que Eduardo não tem data para retornar ao país.
“Sabemos o que está acontecendo no Brasil, e sabemos o motivo do meu irmão, Eduardo, ficar nos Estados Unidos e pedir asilo pra lá”, iniciou Renan. “Foi duro ver o discurso dele na timeline. Foi duro ver meu pai naquele estado. Eu, que sou irmão, já senti bastante, mas… (chora) …mas meu pai, o que ele sentiu muitos aqui sabem. Muitos aqui são pais”, disse.
Em seguida, o vereador se dirigiu a um vereador adversário, que havia ironizado, no dia anterior, o que chamou de “fuga” de Eduardo. “Quando você vai atacar alguém, ataque a pessoa, não ataque a família. Eu nunca desrespeitei nenhum familiar desta casa (sic). O que aconteceu ontem foi algo mesquinho e de baixo calão”, afirmou.
Na terça-feira, 18, Eduardo Bolsonaro anunciou, em um vídeo publicado em suas redes sociais, que estaria se licenciando do cargo para permanecer nos Estados Unidos, onde está deste fevereiro.
No anúncio, ele afirmou que tomou a decisão diante do que chamou de arbitrariedades do ministro Alexandre de Moraes, relator da denúncia contra seu pai por tentativa de golpe de estado, entre elas a possibilidade de apreensão de seu passaporte.
Moraes, no entanto, não determinou a apreensão. Pelo contrário. Provocados por deputados do PT, a Procuradoria-Geral da República e o próprio ministro se manifestaram contra a retenção do passaporte do deputado.
No dia seguinte ao anúncio de Eduardo, Jair Bolsonaro esteve na Câmara dos Deputados e, durante entrevista, chorou. “Hoje está sendo um dia marcante para mim. O afastamento de um filho. Mas um filho que se afasta mais do que por um momento de patriotismo”, disse, na ocasião.
No mesmo dia, Eduardo deu entrevista a um canal bolsonarista. Questionado se havia conversado com o pai, o deputado não se conteve e caiu em prantos. “Meu pai queria o filho perto dele”, disse.
Embora tenha anunciado que iria se licenciar, Eduardo ainda não fez a solicitação oficialmente à Mesa Diretora da Câmara.