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‘Mais conexão entre a comunidade fashion’ – as mensagens da moda em Nova York para os tempos incertos nos EUA

Em meio a mudanças, estreias e retornos de marcas e estilistas em sua programação, a semana de moda de Nova York terminou nesta terça-feira 11, levantando questões e tentando responder a pergunta: e agora? Há menos de um mês da nova e turbulenta administração de Donald Trump, com muitas marcas pegas de surpresa com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, e as novas políticas anti-DEI (diversidade, equidade e inclusão), os designers apresentaram suas coleções questionando sobre os impactos em uma indústria que tem lutado a duras penas para se sobressair e ser mais inclusiva, tanto nas passarelas, quanto fora delas.

Assim, diante desse cenário incógnito, os estilistas aproveitaram para pedir uma conexão maior na comunidade fashion. “Precisamos de fantasia, de sonhos. Precisamos mostrar todas as cores e culturas que estão em Nova York”, disse Christian Siriano à CNN internacional. “Na passarela, celebramos a beleza, a idade, o gênero e o corpo”, completou. Prabal Gurung, cuja coleção anterior trazia como inspiração a esperança de um futuro político diferente, engrossou o coro. “Estamos todos no mesmo espaço, confusos, incertos, ansiosos. Nesses tempos confusos e distópicos, procuramos conexão.”

Essas mensagens ficaram evidentes nas passarelas. As aspirações pelo belo e o sonho de um mundo melhor ganharam força em meio a muita teatralidade, das roupas chamativas de Siriano aos pássaros de outro mundo nos ternos de Thom Browne, passando pelo desfile fora do calendário, em que Marc Jacobs trouxe modelos semelhantes a bonecas em silhuetas exageradas na Biblioteca Pública de Nova York.

A aguardada coleção de estreia da italiana Veronica Leoni para a Calvin Klein também movimentou a fashion week. Após um hiato de seis anos, desde a saída de Raf Simons do comando criativo, no fim de 2018 a marca sugeriu modelos usáveis, com “cara de negócios”, mas leves e elegantes, graças à alfaiataria ampla e à seda esvoaçante. “Eu realmente tentei explorar a beleza da forma mais autêntica, limpa, fresca e pura”, disse Veronica. “Nós fomos inspirados pelo arquivo, mas não entramos em nenhuma nostalgia”, completou. Na passarela, modelos ícones do passado e do presente, como Kate Moss, Christy Turlington, FKA Twigs e Kendall Jenner, sob o olhar atendo do próprio Calvin Klein na primeira fila.

No Museu de Arte Moderna de NY, Amanda Seyfried, Martha Stewart, Ciara e Jodie-Turner Smith estavam entre os convidados de Tory Burch, que apresentou sua versão para roupas esportivas clássicas, enquanto Cara Delevingne deu o que falar a bordo de um terno de Thom Browne, no desfile do estilista realizado no centro de artes The Shed.

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Entre as ausências, Proenza Schouler, Area e Helmut Lang não desfiaram por conta da saída de seus diretores criativos na incessante dança das cadeiras da moda. As tradicionais Tommy Hilfiger e Ralph Lauren pularam a temporada, enquanto outras grifes mostraram suas coleções fora do país ou da cidade como Willy Chavarria, que optou por desfilar na semana de moda masculina de Paris e Bode, que estreou sua coleção em Nova Orleans como parte do GQ Bowl, centrado em futebol e moda.

“Não acho que haja falta de talento. Acho que é falta de apoio”, disse Sergio Hudson, antes de apresentar seus novos códigos para as roupas esportivas americanas. “Há muitos designers excelentes nos Estados Unidos, e sinto que são ignorados. Temos que abrir os olhos e ver o que temos em casa”, acrescentou. Christopher John Rogers, que retornou à programação de Nova York após intervalo de cinco anos, com um desfile vibrante de vestidos tomara que caia listrados e color block, concordou. “Não fomos imunes aos desafios recentes da indústria e somos gratos como marca por estar aqui agora apresentando estes trabalhos”, declarou, em nota.

Hillary Taymour, diretora criativa da Collina Strada, também se manifestou em sua apresentação, por meio de modelos com óculos escuros de proteção em olhos esbugalhados “para esconder nossas lágrimas”, disse ela. “A comunidade é tudo. Ame seus vizinhos, ame a todos. Direitos trans, proteja as mulheres, proteja a todos. Vai ser um momento muito difícil na sociedade, e vamos cuidar uns dos outros”. Cuidado e manifestos pela energia criativa da moda. No momento é o que todos concordam com essa mudança brusca na maré política, e só o que podem fazer.

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Christian Siriano: Precisamos mostrar todas as cores e culturas que estão em Nova York”
Christian Siriano: Precisamos mostrar todas as cores e culturas que estão em Nova York”Gamma-Rapho/Getty Images

 

Thom Browne: sonho de liberdade com pássaros de outro mundo
Thom Browne: sonho de liberdade com pássaros de outro mundoArturo Holme/Getty Images
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