A pergunta “o que é monocórdica?” teve um aumento repentino nas buscas do Google Trends nesta terça-feira, 14. A razão é simples. O jornal francês Le Monde criticou duramente o filme Ainda Estou Aqui, que acaba de entrar em cartaz no país, e chamou Fernanda Torres de “um tanto monocórdica” por sua interpretação da protagonista, Eunice Paiva. O adjetivo nada elogioso é proveniente do universo musical, para designar um instrumento que usa apenas uma corda. Quando usado para pessoas ou situações, o termo está relacionado a um tom de voz único, sem variação, enfadonho e monótono. Nas redes sociais, a crítica virou piada entre brasileiro. “Não estou ofendido já que não sei o que é monocórdico”, escreveu um usuário do X, antigo Twitter.
Não demorou para que os brasileiros mais envolvidos com o tema na internet apontassem uma rivalidade crescente entre Ainda Estou Aqui e Emilia Pérez, representante da França na corrida pelo Oscar de melhor filme internacional. Escrito e dirigido pelo francês Jacques Audiard, o longa segue a história de uma traficante trans que opta por fazer a cirurgia de redesignação de gênero. O filme é estrelado pela atriz espanhola Karla Sofía Gascón e traz também as norte-americanas Zoë Saldaña, no papel de uma advogada que se envolve nos negócios da protagonista, e Selena Gomez, que dá vida à esposa do traficante. Apesar de representar a França nesta temporada de premiações, o longa é musicado em espanhol e inglês — duas línguas que seu diretor não fala — e se passa principalmente no México.
Qual é a polêmica de Emilia Pérez?
Espectadores latino-americanos têm criticado a produção por supostamente enxergar o país com exotismo e pouca autenticidade, acusações que Audiard não rebate. Questionado sobre estudar a cultura mexicana, o cineasta afirmou não ter se dedicado à pesquisa porque “já entendia o necessário”. A diretora de elenco Carla Hool, por sua vez, afirmou que as três personagens principais foram pensadas para atrizes mexicanas, mas que após “uma grande busca no México, nos Estados Unidos, na Espanha e na América Latina”, concluiu que as melhores profissionais não eram nativas do país central à trama, o que muitos encararam como desrespeitoso às artistas do país.
A enxurrada de críticas busca enfraquecer a campanha de Emilia Pérez, que até o momento é o favorito para vencer a categoria internacional do Oscar. Ainda Estou Aqui, por sua vez, segue forte no páreo pela estatueta. O longa de Walter Salles ganhou projeção internacional após a vitória de Fernanda Torres como melhor atriz em filme de drama no Globo de Ouro, em 5 de janeiro. A brasileira disputava o prêmio com as celebridades hollywoodianas Pamela Anderson, pelo filme The Last Showgirl; Angelina Jolie, por Maria Callas; Nicole Kidman, por Babygirl; Tilda Swinton, no filme O Quarto ao Lado; e Kate Winslet, no longa Lee.
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