O Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE), a medida principal de inflação observada pelo banco central americano (Federal Reserve, Fed), registrou um aumento para 2,6% em dezembro, sinalizando que as pressões inflacionárias persistem nos Estados Unidos. Esse crescimento, que superou o dado do mês anterior de 2,4%, ocorre na mesma semana em que o Fed decidiu manter as taxas de juros no patamar atual e retirou de seu comunicado qualquer menção a um “progresso” no combate à inflação.
A decisão do Fed de adotar uma postura mais cuidadosa também está inserida em um cenário de pressão política. O banco central foi alvo de críticas do ex-presidente Donald Trump, que defende uma redução nos juros para estimular a economia. Entretanto, Jerome Powell, presidente do Fed, reiterou que a instituição não tem pressa em ajustar as taxas, preferindo avaliar com maior clareza os dados econômicos antes de tomar qualquer decisão.
O aumento do PCE reflete, em parte, a resiliência dos consumidores. A renda pessoal aumentou US$ 92 bilhões (0,4%) em dezembro, de acordo com o US Bureau of Economic Analysis, e as despesas de consumo pessoal (PCE) cresceram US$ 133,6 bilhões (0,7%) no mesmo período. Esse forte consumo é sustentado, principalmente, por um robusto mercado de trabalho, com um aumento significativo nos gastos com serviços (US$ 78,2 bilhões) e bens (US$ 55,4 bilhões). No entanto, a poupança pessoal permanece relativamente baixa, em 3,8%, sugerindo que os consumidores podem estar reduzindo suas reservas para manter o nível de consumo.
Embora o consumo ainda desempenhe um papel central na sustentação do crescimento, o ritmo mais lento do PIB sugere que a economia poder estar perdendo força. Os dados mais recentes do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, divulgados ontem, indicam que a economia pode estar começando a desacelerar. Isso adiciona uma camada extra de complexidade à decisão do Fed: embora a inflação continue pressionada, a desaceleração econômica coloca o banco central em um dilema entre continuar com uma política monetária restritiva para conter a inflação ou aliviar as condições financeiras para evitar uma recessão.