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Guerra comercial: como fica a relação de Trump e Xi?

A China anunciou nesta terça-feira, 4, que irá impor novas tarifas sobre produtos dos Estados Unidos, em resposta às taxações determinadas pelo presidente Donald Trump em cima de mercadorias chinesas. A decisão renova a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

A medida foi anunciada na madrugada, meia-noite em Washington, assim que as tarifas sobre a China entraram em vigor. A partir de 10 de fevereiro, importações dos Estados Unidos serão taxadas em 10-15%, incluindo carvão, petróleo bruto e carros grandes.

O governo chinês parece ter esperança de fazer um acordo com a Casa Branca para evitar mais retaliações – e para evitar que o relacionamento entre as duas maiores economias do mundo saia do controle. Afinal, Trump, concordou em adiar medidas semelhantes sobre Canadá e México. O líder americano e o presidente da China, Xi Jinping, devem conversar ainda nesta semana.

“Relacionamento muito forte”

O republicano é conhecido por admirar Xi e seu punho de ferro. Em 2020, ele declarou que os dois “se amam”, mesmo em meio a uma amarga guerra comercial com a China. “Tinha um relacionamento muito forte com ele”, confirmou em uma entrevista recente ao Wall Street Journal.

É difícil saber o que o líder chinês pensa — ele mal menciona Trump pelo nome. O que se sabe é que ambos líderes projetam uma espécie de nacionalismo ultramusculoso. O sonho de Xi é o “grande rejuvenescimento da nação chinesa” e Trump acredita que somente ele pode “tornar a América grande novamente”. Ambos prometem inaugurar uma nova era de ouro para seus países.

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A “era de ouro” trumpista inclui tarifas sobre produtos fabricados na China. Mas Pequim não está com disposição para uma segunda guerra comercial. Com problemas internos, a economia chinesa está lenta, seu setor imobiliário está afundando, quase 20% dos jovens do país estão lutando para encontrar empregos e sua população é uma das mais envelhecidas no mundo.

Distanciamento

Trump 2.0 parece mais intransigente (ou ao menos o tenta aparentar) com a China. Marco Rubio, sua escolha para secretário de Estado, chamou Pequim de “a ameaça que definirá este século”. Ele também é sancionado pelo governo chinês. Já seu conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, escreveu no início deste mês que os Estados Unidos deveriam “urgentemente” pôr fim aos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio para que pudessem “finalmente concentrar a atenção estratégica onde deveria estar: combater a maior ameaça do Partido Comunista Chinês”.

As duas escolhas sugerem que sua administração adotará uma abordagem muito mais dura com a China. E embora Trump veja seu relacionamento pessoal com Xi como uma via de negociação, ele provavelmente se apoiará em Waltz e Rubio para moldar uma política mais agressiva.

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Oportunidade

A grande luta pelo poder do século XXI, porém, não é só sobre comércio. O sonho de Xi também envolve tornar a China a potência dominante do mundo. Alguns especialistas acreditam que Trump pode oferecer justamente essa oportunidade a Pequim.

Pequim e Washington já entraram em uma acirrada disputa comercial anteriormente. Mas muita coisa mudou desde Trump 1.0.

Por um lado, a economia chinesa não depende tanto dos Estados Unidos quanto no primeiro mandato do republicano, de 2017 a 2020. Pequim fortaleceu seus acordos comerciais na África, América do Sul e Sudeste Asiático, diversificando suas fontes de importações agrícolas (notavelmente do Brasil, Argentina e Rússia) e aumentou os volumes de exportações a países não aliados a Washington. Agora é o maior parceiro comercial de mais de 120 países.

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Em sua segunda passagem pela Casa Branca, Trump encontra um Xi mais forte, que consolidou sua posição no comando da China com um terceiro mandato histórico — e a possibilidade de permanecer no poder por toda a vida. Agora que Trump agitando seu próprio quintal, ameaçando atingir até mesmo a União Europeia com tarifas, suas ações podem fazer até aliados dos Estados Unidos a olharem para o gigante asiático como um parceiro comercial global calmo, estável e talvez mais atraente.

Pequim também pode ter outra esperança. O bilionário Elon Musk, aliado de primeira linha de Trump, tem um papel importante como conselheiro do novo governo. E sua empresa, a Tesla, depende da China para produção – cerca de metade de todos os seus veículos elétricos são feitos no país. Os líderes chineses podem se apoiar no empresário para moderar os impulsos tarifários de Trump.

Em seu projeto de governança global, Pequim tem buscado uma chance de derrubar a ordem mundial liderada pelos americanos pelos últimos 50 anos – e a incerteza que Trump representa pode muito bem levar a isso.

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