Na última sexta-feira, 24, a chegada de brasileiros deportados dos Estados Unidos, algemados durante o voo, desencadeou um mal-estar diplomático entre os dois países. Esta não é a primeira vez, porém, que o país norte-americano algema brasileiros durante a deportação. Trata-se de um procedimento padrão do país, e criticado pelo Itamaraty há anos.
Em setembro de 2021, por exemplo, o Ministério das Relações Exteriores já havia solicitado o fim do uso de algemas como condição para ampliar a frequência dos voos de repatriação ao Brasil. Naquele período, o número de brasileiros detidos na fronteira com o México havia disparado, com muitos buscando rotas alternativas para entrar nos Estados Unidos.
O pedido do governo brasileiro, no entanto, não foi ouvido. Em fevereiro de 2022, durante segundo ano da gestão de Biden, o uso de algemas durante um voo de deportação voltou a criar um impasse entre o governo do democrata com o de Jair Bolsonaro.
O primeiro voo de deportados após Donald Trump assumir a presidência do país pousou em Manaus por problemas técnicos no ar-condicionado da aeronave. O governo brasileiro optou por buscar o grupo em Manaus, já que os oficiais americanos insistiam que os deportados completassem a viagem até Minas algemados.
O ministro da Justiça no Brasil, Ricardo Lewandowski determinou a retirada das algemas dos brasileiros. O ministro criticou o uso das algemas, que classificou de “desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.
Em nota oficial divulgada neste domingo, o Itamaraty considerou a postura americana como “inaceitável”, e disse que vai encaminhar pedido de esclarecimento sobre o ocorrido para o governo americano. “O uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos de acordo com os EUA, que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados”, disse a nota.