A taxa de mortes assistidas, também conhecida como eutanásia, aumentou quase 16% no Canadá em 2023, totalizando cerca de 15.300 casos, segundo o relatório anual divulgado pela Health Canada nesta quarta-feira 11.
O número representa 4,7% de todas as mortes no país, mas o crescimento desacelerou em comparação aos anos anteriores, quando a média de aumento foi de 31%.
Em seu quinto relatório anual desde a legalização da morte assistida em 2016, o país incluiu pela primeira vez dados raciais e étnicos dos pacientes. Dos que optaram pela eutanásia, 96% se identificaram como brancos, que representam cerca de 70% da população canadense. O segundo grupo mais comum foi o de asiáticos orientais (1,8%), que compõem 5,7% da população.
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A maior parte das mortes assistidas ocorreu no Quebec, que concentrou 37% dos casos, apesar de representar apenas 22% da população. A província lançou um estudo no início deste ano para entender por que sua taxa de eutanásia estava tão alta, mas os resultados ainda não foram divulgados.
A idade média dos pacientes que buscaram a eutanásia no ano passado foi de 77 anos, e o câncer se destacou como a condição mais comum por trás da decisão de interromper a vida. Cerca de 96% das mortes ocorreram entre pacientes com um prognóstico de morte natural previsível (doença terminal), enquanto os outros 4% apresentavam condições crônicas em que a morte não era iminente.
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Procedimento polêmico
Desde 2016, o Canadá permite a morte assistida para pacientes com um diagnóstico terminal. Inicialmente, apenas aqueles cuja morte era “razoavelmente previsível” tinham direito ao procedimento, mas em 2021, o acesso foi ampliado para incluir pessoas com doenças crônicas e debilitantes. Agora, os legisladores buscam expandir a lei novamente, desta vez para abranger pessoas que sofrem de doenças mentais, com implementação prevista para 2027.
Apesar do avanço do Canadá na legalização da eutanásia, a prática ainda é tema de debates polêmicos. Relatos de casos controversos, como o de pacientes que solicitaram a morte assistida por falta de acesso a tratamentos médicos, alimentam as críticas.
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A Health Canada, por sua vez, defendeu o procedimento, dizendo que o código penal estabelece “critérios rigorosos” de elegibilidade.
A eutanásia também é permitida em países como Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Suíça, Alemanha, Espanha, Uruguai e Colômbia, e o movimento de legalização mundo afora tem crescido. No final de novembro, o parlamento do Reino Unido votou a favor da legalização da prática em casos de doenças terminais, o que abriu um caminho – que ainda deve ser bastante longo – para discussões mais minuciosas que são necessárias antes que a medida entre em vigor.