Em uma semana, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveu “ocupações” e protestos em dez estados do país. A mobilização faz parte das celebrações do Abril Vermelho, ato realizado anualmente para homenagear os 19 mortos do massacre de Eldorado do Carajás (PA), ocorrido em 17 de abril de 1996.
A Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária teve início no dia 1º e vai até o dia 17, data que marcará os 29 anos do massacre. Até aqui, já foram contabilizadas 19 invasões de terras.
Segundo o MST, os atos ocorreram no Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
‘Ocupar para o Brasil alimentar’
O lema da campanha deste ano é “Ocupar para o Brasil alimentar”. Segundo Margarida Silva, da direção nacional do MST, a jornada visa denunciar o modelo do agronegócio e incentivar a agricultura familiar.
As atividades, diz a diretora, têm o objetivo de “anunciar a reforma agrária popular como alternativa à crise ambiental e climática” e também de “solucionar os problemas sociais que o nosso país vive”. Ela diz que o movimento pretende enfrentar a concentração de terra no Brasil.
Uma das principais ações do MST até o momento ocorreu em Pernambuco, onde houve invasões de terras em várias cidades. Segundo o movimento, 800 famílias ocuparam no sábado, 4, a Usina Santa Teresa, no município de Goiana. Também em Pernambuco, os sem terra invadiram a Fazenda Galdino, em Riacho das Almas, e a Fazenda Ribeira, em Águas Belas. Em Petrolina, na divisa com a Bahia, as famílias invadiram a Fazenda CopaFruit.
Em Minas Gerais, 600 famílias do MST ocuparam as margens da BR-116, no município de Frei Inocêncio, no Vale do Rio Doce. Eles pressionam pela desapropriação da Fazenda Rancho Grande para a criação de um assentamento.
Já em São Paulo, 400 famílias do MST invadiram nesta segunda-feira,7, a Fazenda Usina São José, no município de Rio das Pedras. O movimento justifica a invasão dizendo que a usina causou a morte de peixes no Rio Piracicaba. No Rio, os sem terra invadiram a Fazenda Santa Luzia, em Campos dos Goytacazes.
Movimento tem o apoio do governo Lula
O MST tem um respaldo histórico do presidente Lula. Em 2022, um dos principais nomes do movimento, João Paulo Rodrigues, ajudou a coordenar a campanha do petista. Como presidente, Lula deu cargos importantes para militantes do MST na Presidência da República, no Ministério do Desenvolvimento Agrário e no Incra.
Lula também prestigiou o MST recebendo membros do movimento na Granja do Torto. Lá, o presidente fez uma série de promessas para os sem terra. No dia 7 de março, Lula visitou um assentamento do MST em Campo do Meio (MG) e anunciou a desapropriação de três lotes de terras que fazem parte do Quilombo Campo Grande, na área da antiga Usina Ariadnópolis, ocupada desde 1997 por famílias do movimento.
Apesar disso, o ministro Paulo Teixeira, responsável pelo Desenvolvimento Agrário, vem sendo pressionado pelo MST sob a crítica de que faltam políticas para acelerar a reforma agrária e a transferência de renda para os agricultura familiar. Teixeira é um dos nomes apontados como um possível alvo de uma reforma ministerial de Lula.