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Em meio às negociações de cessar-fogo, ataque de Israel deixa 9 mortos em Gaza

Ao menos nove palestinos morreram, incluindo três jornalistas locais, e diversas outras pessoas ficaram feridas em um ataque aéreo israelense neste sábado, 15, na cidade de Beit Lahiya, no norte de Gaza. O novo ataque se dá em meio às negociações de cessar-fogo entre  autoridades do grupo militante palestino Hamas e mediadores de países árabes no Cairo, Egito.

As informações sobre o ataque foram divulgadas inicialmente por médicos que atuam na região e confirmadas posteriormente pela Defesa Civil de Gaza. Testemunhas ouvidas pela agência de notícias Reuters disseram que o ataque atingiu um carro que participava de uma missão de uma instituição de caridade chamada Khair Foundation.

O Exército israelense, por sua vez, disse que atingiu dois indivíduos que identificou como “terroristas”, sem mais detalhes.

O incidente deixa ainda mais clara a fragilidade do acordo de cessar-fogo de 19 de janeiro, que expirou há quase duas semanas. Em declarações recentes, o Hamas exigiu que Israel implemente a segunda fase do acordo, que deveria encerrar definitivamente o conflito.

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A primeira fase do cessar-fogo levou, ao longo de seis semanas, à troca de 25 reféns israelenses vivos e os restos mortais de outros oito, em troca da libertação de cerca de 1.800 palestinos detidos em prisões de Israel. Também permitiu a entrada de ajuda humanitária no enclave e o retorno da população local às suas casas no norte de Gaza.

Resistência de Netanyahu

Tel Aviv, até agora, se recusou a avançar para a próxima etapa e pediu uma extensão de várias semanas da fase 1 da trégua, deixando aberta a possibilidade de uma nova ofensiva nos próximos meses. O enviado de Donald Trump, Steve Witkoff, também tem feito pressão por uma proposta que apenas estenda a trégua.

Recuperar os reféns americanos mantidos em Gaza era uma meta declarada do governo Trump. Portanto, a oferta do Hamas representa um dilema difícil para Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, se for parte de um acordo mais amplo.

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Após a declaração do Hamas, o gabinete de Netanyahu disse que havia “aceitado o esboço de Witkoff e mostrado flexibilidade”, mas disse que o grupo palestino “não vai recuar de suas posições”.

“Ao mesmo tempo, (o Hamas) continua a usar manipulação e guerra psicológica. Os relatos sobre a disposição de libertar reféns americanos têm a intenção de sabotar as negociações”, disse o gabinete do premiê, acrescentando que Netanyahu convocaria sua equipe ministerial na noite de sábado para receber um relatório detalhado da equipe de negociação e “decidir sobre os próximos”.

Bibi mostrou oposição consistentemente a qualquer fim permanente da guerra em Gaza, em parte devido a um cálculo político doméstico. Impopular, com vantagem de apenas dois votos no Parlamento, ele se desdobra para agradar aos partidos radicais religiosos que sustentam sua coalizão e são contra concessões em Gaza em meio a intensas pressões, inclusive dos Estados Unidos, para pôr fim ao conflito que se estende por mais de um ano e já matou, em números oficiais, quase 50 mil palestinos.

Para piorar, nas últimas semanas o primeiro-ministro teve de comparecer onze vezes a um tribunal para se defender de acusações de suborno, fraude e tráfico de influência.

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No entanto, o líder israelense deixou claro que manter boas relações com a Casa Branca é uma prioridade. Ele conta com Trump — que lhe prometeu apoio incondicional, mas, como se sabe, joga mesmo é no seu próprio time — para superar seus vários problemas em casa.

Diálogo direto

Após mais de 16 meses de negociações entre Israel e o Hamas mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito, Washington abriu recentemente um canal direto com o Hamas, com o objetivo de libertar cidadãos americanos sequestrados durante o ataque a Israel em outubro de 2023.

O grupo fez 251 reféns durante a investida e matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis.

Em uma publicação nas redes sociais no início deste mês, Trump ameaçou os cidadãos de Gaza com “um inferno” se todos os 58 reféns restantes não fossem libertados. Acredita-se que menos da metade ainda esteja viva.

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A reação oficial do governo israelense às notícias de conversas diretas entre os Estados Unidos e o Hamas foi limitada a uma única declaração concisa do gabinete de Netanyahu, apenas reconhecendo as negociações. Mas o jornal Yedioth Ahronoth disse que Israel ficou “chocado ao descobrir que, pelas costas, o enviado de Trump (Witkoff) flertou por semanas em Doha” com uma autoridade sênior do grupo palestino.

Em uma tentativa de pressionar o inimigo, Tel Aviv cortou todos os suprimentos de ajuda humanitária para Gaza e no domingo interrompeu o fornecimento restante de eletricidade para o enclave.

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