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Em meio a guerra comercial de Trump, EUA ampliam negócios com Brasil em setor em crise

Exportadores brasileiros estão preocupados. Daqui uma semana, os Estados Unidos passarão a impor as chamadas “tarifas recíprocas”, que funcionam como uma forma de retaliação comercial: o país passará a cobrar sobre importações estrangeiras o mesmo percentual de taxas que esses países aplicam sobre produtos americanos.

Segundo o banco Bradesco, a tarifa média brasileira de importação para os Estados Unidos é de 11,3%, com alíquotas mais elevadas para bens de consumo e quase inexistentes para combustíveis. Em contrapartida, as tarifas aplicadas pelos americanos aos produtos brasileiros são significativamente mais baixas, com uma média de apenas 2,2%.

O ônus vai se somar à alta de impostos já aplicada ao aço e alumínio – cerca de metade das exportações de aço do Brasil vai para os Estados Unidos, o que coloca em risco uma fatia importante da produção siderúrgica brasileira. Segundo dados do governo americano, no ano passado, o Canadá foi seu maior fornecedor de aço, em volume, com 20,9% do total, seguido por Brasil (16%) e México (11,1%). 

Enquanto isso, porém, os negócios EUA-Brasil aumentaram em um setor em crise.

Aproximação por necessidade

Os Estados Unidos viram os preços dos ovos dispararem no último ano, atingindo o recorde histórico de US$ 8,17 (cerca de R$ 46,80) em março por uma cartela de doze unidades, em meio a uma gripe aviária que perturba a produção. Em reação, o país recorreu ao Brasil para obter o produto, quase dobrando as importações para consumo humano (antes, ovos brasileiros eram comprados ​​apenas para ração animal).

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Embora nenhum dos ovos brasileiros acabe nas prateleiras dos supermercados, eles devem ser usados ​​em alimentos processados, como misturas para bolo, sorvete ou molho para salada, o que libera mais ovos frescos para o consumidor americano.

A gripe aviária exterminou quase 170 milhões de galinhas, perus e outras aves desde o início de 2022. O vírus reduziu o estoque de ovos nos supermercados, enquanto os restaurantes aumentaram os preços dos cardápios. O valor dos ovos no atacado aumentou 53,6% em fevereiro, antes de cair ligeiramente em março.

Isso alimentou a inflação de alimentos, algo particularmente incômodo para o consumidor enquanto o presidente americano, Donald Trump, ameaça perturbar cadeias de suprimentos com seus tarifaços. A guerra comercial deve aumentar os custos de produtos frescos e outros bens.

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EUA recorrem ao Brasil

Em fevereiro, Washington anunciou um plano de US$ 1 bilhão (R$ 5,73 bilhões) para reduzir os preços dos ovos, o que inclui ajudar os fazendeiros a prevenir a disseminação do vírus e pesquisar opções de vacinas. O governo Trump também passou a promover importações de países como Turquia, Brasil e Coreia do Sul, que normalmente não fornecem o produto para os Estados Unidos.

As importações de ovos brasileiros aumentaram 93% em fevereiro, comparado ao mesmo mês do ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal.

Anteriormente, o uso de ovos brasileiros só era permitido em alimentos para animais de estimação. Em janeiro, o governo Trump permitiu a importação do produto do Brasil em processados para humanos.

A Associação Brasileira de Proteína Animal já havia provado que o Brasil atende aos requisitos dos Estados Unidos para exportar ovos para ​​consumo humano. No entanto, o Departamento de Agricultura americano frisou que o país tropical é afetado pela doença de Newcastle, um vírus que frequentemente mata aves, e portanto não pode fornecer ovos para venda em supermercados.

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