Jornalista e escritora renomada, a americana Joan Didion (1934-2021) terá seu primeiro livro póstumo publicado em abril. É também o primeiro título com textos inéditos dela desde 2011, quando parou de publicar seus escritos. A origem do material, porém, levanta discussões. Curadores literários que cuidam da obra da autora encontraram um diário secreto de Joan em uma gaveta da casa dela, logo após sua morte. Os textos, organizados pela própria de forma cronológica, começando em 1999, eram endereçados ao marido, John Gregory Dunne, que morreu em 2003. As páginas traziam divagações e relatos sobre as sessões da jornalista com o psiquiatra na época.
Com 65 anos de idade, ela lidava com dilemas da própria saúde mental e com a relação difícil com a filha adotiva, Quintana, que sofria de alcoolismo e morreu em 2005, aos 39 anos. Segundo a HarperCollins, que publica a obra de Didion, as anotações ajudam a entender a mente brilhante da autora e as angústias que deram origem a livros clássicos, como O Ano do Pensamento Mágico e Noites Azuis.
A novidade recebida com entusiasmo pelo mercado editorial também levantou questões sobre o quão ético é publicar escritos tão pessoais de alguém que já morreu. Segundo os responsáveis pelo espólio da autora, as anotações serão tratadas com o devido respeito e publicadas da forma como foram encontradas. Pelo modo como a narrativa foi construída por ela, tudo indica que havia o desejo de publicá-la. Ninguém sabe, porém, o motivo pelo qual ela não o fez. Até o fechamento dessa matéria a HarperCollins Brasil não havia se pronunciado sobre quando o título chega ao país.