Neste sábado (22), comemora-se o Dia Mundial da Água, criado pela Organização das Nações Unidas para colocar em pauta uma questão essencial para a vida do planeta. No Brasil, todos os anos, a ONG SOS Mata Atlântica aproveita a data para divulgar O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica, monitoramento produzido pelo programa Observando os Rios. Este ano, a análise foi realizada por voluntários em 145 pontos de coleta, em 67 municípios de 14 estados. O resultado demonstra descaso dos governantes com o meio ambiente.
Apenas 7,6% das águas têm qualidade boa. Nenhuma está em ótima condição, 13,8%, ruim, e 3,4% péssimo. Na comparação com os últimos dois anos, a única mudança é o aumento da porcentagem de afluentes com água ruim. O Capibaribe, por exemplo, que passa por 42 municípios pernambucanos, inclusive pelo centro da capital, Recife, tinha qualidade regular, em 2023, mas passou para ruim em 2024. A falta de saneamento básico é o principal motivo para a degradação. Metade da população de Recife não recebe água e esgoto. Já a parte que recebe, apenas 75% conta com rede tratada. Em Florianópolis, o Capivari, tem situação similar, passou de regular para ruim, também por falta de saneamento.
Outro ponto preocupante é a dos rios com qualidade péssima, que não melhoraram. Entre os mais conhecidos cursos nesta categoria está o Pinheiros, que corta a cidade de São Paulo. Apesar dos projetos de despoluição em andamento, como o Novo Rio Pinheiros e o Integra Tietê, o relatório deste ano indica que são necessárias medidas mais concretas e urgentes. Mas o que se observa é um passado repleto de má decisões por parte dos governantes.
Foi em 1940, que o Rio Pinheiros, afluente do Tietê, recebeu o primeiro baque: a retificação do leito para o controle das inundações na cidade. Antes, o curso sinuoso era envolto por vegetação exuberante, que ao ser transformado levou à degradação o habitat natural. Depois vieram os desafios da urbanização, do encolhimento das margens para dar vazão à circulação dos veículos e uma total falta de preocupação com a sustentabilidade do meio ambiente.
A maior parte dos rios analisados, 75,2%, apresenta qualidade regular, o que indica água imprópria para consumo e lazer, devido ao impacto da poluição. Só serve para o abastecimento e para a produção de alimentos, as amostras classificadas como boas. “A sociedade civil precisa estar cada vez mais ativa nos comitês de bacias hidrográficas e na defesa da água limpa, porque o cenário não melhora sozinho”, diz Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas do SOS Mata Atlântica. “Enquanto a ONU reforça a urgência de políticas integradas até 2030, o Brasil ainda precisa avançar para transformar compromissos em ações concretas”.
Leia:
+https://veja.abril.com.br/coluna/radar/agencia-reguladora-de-aguas-de-sp-investe-r-116-milhoes-em-fiscalizacao
+https://veja.abril.com.br/ciencia/especial-o-planeta-pede-agua