Deputados do Partido Democrata no comitê de supervisão da Câmara dos Estados Unidos pediram nesta quinta-feira, 6, pela abertura de uma investigação contra Elon Musk e seu Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma força-tarefa criada no governo de Donald Trump com intuito de cortar gastos públicos, por potenciais ameaças à segurança nacional.
Em uma carta, os legisladores solicitaram que inspetores gerais adjuntos de várias agências federais investigassem supostas violações de segurança nacional envolvendo a equipe de Musk. As agências incluem o Tesouro, o Escritório de Gestão de Funcionários, o Departamento de Educação, a USaid (agência humanitária que o bilionário e principal consiglieri do presidente quer fechar), a Administração de Serviços Gerais e a Administração de Pequenos Negócios.
Dados confidenciais
O governo Trump afastou toda a equipe da USaid nesta semana, e Musk disse que está trabalhando para encerrar as operações do órgão. Os deputados alegaram que indivíduos sem autorização acessaram sistemas e dados confidenciais na USaid e no Escritório de Gestão de Funcionários. A equipe de Musk também teria obtido acesso aos sistemas de pagamento do governo americano, que contêm dados pessoais de milhões de pessoas.
“Estamos profundamente preocupados que acessos não autorizados a sistemas possam estar ocorrendo em todo o governo federal e que isso possa representar uma grande ameaça à privacidade pessoal de todos os americanos e à segurança nacional de nosso país”, disse a carta.
O texto acrescentou: “Embora Elon Musk pareça ter recebido o status de ‘Funcionário Especial do Governo’, não há evidências de que ele, ou qualquer um de seus associados trabalhando sob o apelido de ‘equipe DOGE’, tenham direito a acessar nossos sistemas governamentais, nem há evidências de que eles tenham passado pela verificação adequada para garantir a segurança dos dados do contribuinte e do governo.”
O DOGE não é um departamento governamental, e sim uma força-tarefa com um poder incomum e inédito na gestão Trump. Uma ordem executiva assinada pelo presidente deu aos seus trabalhadores acesso irrestrito a agências governamentais, uma ferramenta poderosa para monitorar e potencialmente limitar os gastos do governo. Em teoria, porém, os funcionários ainda precisariam obter autorizações de segurança adequadas para acessar material confidencial.
Um funcionário da Casa Branca disse à agência de notícias Reuters que o CEO do X e da Tesla, bem como seus engenheiros, têm autorizações de segurança apropriadas e podem acessar os dados de pagamento, só não têm o poder de alterá-los. A equipe opera em “total conformidade com a lei federal”, disse a fonte.
A carta do comitê da Câmara, onde o deputado da Virgínia Gerald Connolly atua como representante do Partido Democrata, foi enviada especificamente a inspetores gerais adjuntos, ao invés dos próprios inspetores gerais. Isso porque esses funcionários foram demitidos pela administração Trump há cerca de duas semanas.
O governo demitiu 17 fiscais independentes numa operação que ocorreu de madrugada, algo que críticos qualificaram como um “expurgo” que poderia abrir caminho para a contratação de servidores fiéis a Trump. Incluído na carta dos legisladores está o inspetor geral da USaid, Paul Martin, que, por enquanto, permanece em seu cargo.