A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal contestou nesta terça-feira uma decisão recente da PF que visa premiar as delegacias e unidades de investigação e combate ao crime que mais produzem no país, com o objetivo de “turbinar” o andamento de inquéritos. Em ofício encaminhado ao diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, a organização alegou excesso de estresse e desgaste do efetivo policial.
“Não nos parece minimamente razoável que o diminuto efetivo policial, já tão estressado e desgastado nos últimos anos, seja submetido a uma competição que aumenta a pressão por resultados, competitividade interna, estresse, sem que se tenha qualquer resultado qualitativo como consequência”, diz trecho do documento.
Os delegados avaliaram que a ideia vai na contramão de iniciativas da corporação que visam acolher agentes com elevado nível de estresse, e destacaram a insatisfação em relação ao pagamento do sobreaviso aos policiais. De acordo com a Associação, estão sendo feitos pagamentos para atividades que não constavam em escalas anteriores à implementação legal a essa indenização, situação que entraria em conflito com a atividade fim da PF.
Além disso, a Associação discordou dos “prêmios” que a PF pretende oferecer em consequência do projeto, que vão de viatura zero quilômetro a celulares tablets e smartwatch a viagens em missão oficial.
“Em outras instituições, qualquer aumento de produtividade ou assunção de maior carga de trabalho tem como reflexo a justa retribuição em pecúnia, como os honorários da AGU, os bônus de arrecadação da Receita Federal e o acúmulo de acervo do Judiciário e Ministério Público”, diz a nota.
Por fim, a ADPF pediu que o “desafio” proposto pela corporação seja desconsiderado, e que a iniciativa seja imediatamente suspensa.
