Em dia repleto de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os investidores abaixaram as armas e se movimentaram a favor de ativos de maior risco, o que ajudou a conduzir o dólar ao seu nono fechamento consecutivo de queda. Nesta quinta-feira, 30, a moeda americana terminou em leve baixa de 0,10%, a 5,85 reais, na maior sequência de quedas desde 2017.
O alívio também veio do exterior, como se vê na queda do DXY, o Índice Dólar, que mede o desempenho da divisa contra uma cesta de moedas globais. O indicador recua 0,17% nesta tarde.
Na abertura, o dólar chegou a subir, ensaiando um movimento de correção das quedas recentes. Ao longo da tarde, porém, os investidores receberam com bons olhos algumas declarações de Lula que diminuíram algumas preocupações relevantes envolvendo a política monetária.
Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, na primeira decisão sob comando de Gabriel Galípolo e conforme esperado pelos investidores. Galípolo foi indicado, assim como a maioria dos diretores do atual Copom, por Lula.
Apesar disso, nesta tarde, o líder petista minimizou a decisão. “O presidente do Banco Central não pode dar um cavalo de pau, num mar revolto, de uma hora para a outra”, afirmou Lula a jornalistas. Ele também destacou que o aumento dos juros feito agora já estava “contratado” desde a gestão anterior, de Roberto Campos Neto, e que tem “100% da confiança” em Galípolo, a quem atribuiu capacidade de criar condições para que os juros caiam “no tempo em que a política permitir”.
As declarações foram bem recebidas porque, em conjunto com a dura atuação do Copom ontem, afastam o medo de que Lula intensifique as pressões para que o BC adote outra estratégia na política monetária, voltada para o corte forçado da Selic. Embora ainda seja preciso observar os próximos passos da entidade, as afirmações ajudam os investidores a calibrar expectativas e ajustar o nível de risco na carteira.
Por outro lado, algumas questões permanecem em aberto, como a decisão de Lula de bater de frente com o mercado ao dizer que “não tem outra medida fiscal” em vista. “Se depender de mim, não tem”, declarou.