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Crescimento dos serviços sustenta a aposta de alta dos juros

O setor de serviços brasileiro, que responde por cerca de 70% do PIB, avançou 1,1% em outubro de 2024, consolidando sua posição como principal motor da economia e confirmando a necessidade de o Banco Central adotar uma política monetária mais rígida para conter as pressões inflacionárias. Com esse crescimento, o segmento registra duas altas consecutivas acima de 1%. Embora o desempenho robusto do setor de serviços ajude a afastar temores de uma recessão, ele também acende um alerta sobre o aumento de preços, exigindo ações mais firmes para ancorar a inflação.

“O crescimento do setor de serviços neste final de ano está diretamente relacionado ao aumento do consumo, turismo e festividades sazonais, o que impulsiona a economia como um todo, mas também pressiona a demanda”, explica Rafael Perez, economista-chefe da Suno Research. “Essa combinação de crescimento e maior poder de compra da população acaba alimentando a inflação, o que coloca o Banco Central em uma posição delicada.”

O avanço contínuo dos serviços, impulsionado pelas melhorias no mercado de trabalho e pelos programas de transferência de renda, tem sustentado o crescimento econômico, que deve ficar acima de 3% neste ano. No entanto, com o IPCA acumulado em 12 meses até novembro já atingindo 4,87%, acima do teto da meta de 4,5%, a pressão inflacionária pode obrigar o Comitê de Política Monetária (Copom) a agir de forma mais agressiva nessa última reunião do ano. As expectativas indicam que o Banco Central poderá elevar os juros em 1 ponto percentual, numa tentativa de esfriar a economia e manter a inflação sob controle.

Embora o crescimento econômico de 2024 seja uma boa notícia, refletindo um desemprego em queda e a recuperação do poder de compra, ele também tem seu custo. A expansão da renda das famílias e a política de reajuste do salário mínimo acima da inflação têm estimulado o consumo, especialmente no setor de serviços, alimentando um ciclo de alta nos preços. Isso coloca o Brasil em uma encruzilhada: manter o crescimento em alta ou apertar as rédeas para evitar um descontrole inflacionário.

“Em 2025, esperamos uma desaceleração no setor de serviços, com o impacto de uma política monetária mais restritiva e um mercado de trabalho com menos espaço para ganhos adicionais”, afirma Perez. A combinação de uma política fiscal mais neutra e juros elevados deve reduzir o ritmo de crescimento, mas o desafio será garantir que a inflação se mantenha dentro dos limites desejados.

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