A alta de casos de covid-19 após o Carnaval já se tornou uma tendência e, neste ano, o aumento no Brasil foi de 80,4%, segundo levantamento da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, que comparou dados da semana da comemoração com as infecções na semana epidemiológica seguinte. O índice de 2025 se aproxima do registrado em 2023, quando o aumento de episódios foi de 82%, e está acima do incremento contabilizado no ano passado, que foi de 53%.
Esse crescimento de casos da doença é esperado em virtude das aglomerações que ocorrem na festa, algo que também tem sido observado após as celebrações de fim de ano.
“Toda vez que há uma grande aglomeração, como no Carnaval – talvez o maior exemplo disso –, o risco de disseminação de vírus respiratórios aumenta. Seja em festas de clubes e associações, onde o ambiente pode ser fechado, ou até mesmo no carnaval de rua, a proximidade entre as pessoas favorece a transmissão”, explica Celso Granato, infectologista e patologista clinico da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML). “Além disso, cantar a plenos pulmões intensifica a liberação de gotículas respiratórias, aumentando a disseminação do vírus”, completa.
De acordo com o levantamento, foram registrados 6.354 casos entre os dias 23 de fevereiro e 1º de março, a semana epidemiológica 9. Na semana seguinte, no período de 2 a 8 de março, foram 11.467.
“De forma geral, grande parte da população perdeu a sensibilidade em relação à covid-19, mas a doença ainda mata, principalmente pessoas que estão em grupos de risco, como idosos, pessoas com comorbidades e crianças que ainda não foram vacinadas”, afirma o pesquisador Wallace Casaca, coordenador da plataforma SP Covid-19 Info Tracker e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Em relação aos óbitos, também houve aumento de 467,5%, passando de 34 para 193. Casaca pondera que essa explosão pode estar relacionada com dados acumulados em virtude do feriado que entraram posteriormente no banco de dados, embora haja um incremento relacionado com o crescimento de casos.
Testes e vacinação
A principal medida que deve ser adotada é manter a vacinação em dia. Segundo as orientações da estratégia de vacinação contra a covid-19, a imunização de grávidas e idosos integra o Calendário Nacional de Vacinação e crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade devem cumprir um o esquema vacinal com três doses do imunizante da Pfizer.
As grávidas devem receber uma dose a cada gestação e as pessoas com mais de 60 anos devem ser vacinadas a cada seis meses. Para a população com mais de 5 anos que integra os grupos especiais, apenas os imunossuprimidos precisarão receber dose a cada seis meses. Os demais grupos — como trabalhadores da saúde, indígenas, puérperas, população privada de liberdade e em situação de rua — serão vacinados uma vez por ano.
“O principal fator para o controle da covid é a vacinação em larga escala, de preferência com as versões mais atualizadas dos imunizantes. Como o vírus sofre mutações frequentes, a proteção conferida pelas vacinas precisa ser constantemente ajustada. Embora não impeçam completamente a infecção, as vacinas reduzem a gravidade da doença e o tempo de transmissão”, diz Granato.
Mais infecções pelo vírus também estão relacionadas à circulação de pessoas que estão doentes e não tomaram medidas de proteção, como o uso de máscaras e evitar o contato com outras pessoas ao apresentar sintomas gripais.
Caso seja possível, é indicado realizar testes para comprovar a infecção e reforçar as ações para evitar a disseminação do vírus, principalmente em ocasiões festivas e que levem a aglomerações. “O poder público tem de se mobilizar com campanhas para testar e as pessoas têm de procurar o diagnóstico para evitar contato com a população mais vulnerável. Se tiver sintomas gripais, precisa se manter afastado até eles se extinguirem”, reforça Casaca.