Dos 80 anos vividos por Ney Latorraca, ao menos 60 foram dedicados à arte. Ícone do teatro e da televisão brasileira, o ator, que morreu nesta quinta-feira, 26, acumulou papéis marcantes na carreira, entre eles o vampiro Vlad, de Vamp, novela que foi ao ar na Globo entre 1991 e 1992. Popular e emblemático, o personagem mudou a vida de Latorraca, mas ele quase recusou o papel. “Eu não queria fazer Vamp. Na verdade, o Victor Fasano é que faria o Vlad. Eu estava em cartaz com O Mistério de Irma Vap, em São Paulo, e achava que seria puxado”, revelou ele em uma entrevista a VEJA em 2017.
A responsável por mudar a cabeça de Latorraca foi sua mãe, que sugeriu que ele fizesse uma participação curta no folhetim. A ideia inicial era que ele aparecesse em apenas nove capítulos, mas não foi isso o que aconteceu. “Fiz a primeira cena em frente ao teatro em São Paulo, era uma cena em que eu levantava os óculos. Na hora senti que não iriam ser só nove capítulos, aquilo ia dar certo. Consegui conciliar os dois e foi quando começou a entrar dinheiro mesmo na minha vida”, contou ele, relembrando o empurrão que o vampiro deu em sua carreira.
Com o sucesso, o ator conseguiu retribuir à mãe por ter insistido para que ele pegasse o papel: deu a ela carro, motorista e várias casas. “Para mim, era um prazer ajudar. Batia o cansaço, mas eu não me importava”, relembrou ele, dizendo ainda que Vlad ajudou a conquistar um público exigente: as crianças. “Conquistando as crianças, você conquista toda a família”, atestou.