O Vaticano tem adotado uma postura inédita de transparência ao enviar boletins diários aos jornalistas sobre a saúde do papa Francisco, internado há 21 dias no hospital público Gemelli, em Roma. Detalhes como “o Santo Padre aumentou a fisioterapia respiratória”, “passou o dia em uma poltrona”, “tomou café e leu os jornais” e “vomitou” são divulgados duas vezes por dia, por e-mail e pelo aplicativo de mensagens Telegram, para os mais de mil profissionais credenciados pela assessoria de comunicação da Santa Sé.
Essa riqueza de informações rompe com séculos de sigilo sobre a condição dos papas, algo que era tratado como tabu.
A decisão sobre a nova comunicação partiu do próprio Francisco para evitar evitar a desinformação e as fake news. Segundo VEJA apurou com interlocutores, qualquer fato novo sobre o Santo Padre deve ser reportado imediatamente aos jornalistas. Essa postura aberta contrasta com papados anteriores, quando doenças graves só eram confirmadas após muitos anos ou até mesmo depois do óbito do pontífice.
Antigamente, a saúde dos líderes da Igreja Católica era mantida sob rigoroso sigilo. O papa João Paulo II, que esteve à frente da Igreja de 1978 a 2005, apresentou tremores por anos antes de o Vaticano reconhecer publicamente, em 2003, que ele sofria de Parkinson.
Da mesma forma, o câncer de estômago do papa João XXIII, que o debilitou por pelo menos oito meses, só foi oficialmente revelado após sua morte, em 1963.
A nova abordagem também visa combater boatos que circulam nas redes sociais, como falsas notícias sobre sua morte ou imagens geradas por IA que sugeriam que ele estaria em estado crítico.
Especialistas acreditam que o novo estilo de comunicar reflete a necessidade de adaptação do Vaticano ao mundo digital, onde rumores se espalham rapidamente. Quem não lembra do papa Francisco usando uma jaqueta puffer que viralizou o mundo? Sim, ele nunca usou essa roupa.