Os problemas de saúde do papa Francisco, de 88 anos, têm feito pairar uma nuvem de dúvidas sobre o seu futuro na Igreja Católica. Em uma missa no domingo, 9, o pontífice teve dificuldade de respirar enquanto lia a homilia e teve de interromper a leitura, levantando preocupações de fiéis mundo afora. Um dos mais intrigantes pontos de interrogação sobre Francisco está, portanto, na possibilidade de seguir, ou não, os passos de Bento XVI – o primeiro papa a renunciar em mais de 600 anos, alegando uma saúde física e mental frágil, em 2013.
Até o momento, o papa rejeitou com firmeza sugestões da mídia de que deveria abandonar o posto. Em fevereiro de 2023, Francisco disse a colegas jesuítas que a renúncia de pontífices não deveria se tornar uma “moda” e só poderia ocorrer em circunstâncias excepcionais, segundo um artigo publicado no jornal italiano La Stampa. Na ocasião, ele também teria destacado que “o ministério papal deve ser vitalício”.
“Não vejo razão para que não seja assim, a tradição histórica é importante. Se, em vez disso, dermos ouvidos a fofocas, teremos que mudar de papa a cada seis meses”, afirmou Francisco, de acordo com a publicação.
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Saúde frágil
A saúde do papa Francisco tem sido motivo de preocupação no Vaticano, especialmente em razão de problemas respiratórios que já o levaram para o hospital em 2023. Na última semana, ele foi diagnosticado com bronquite, motivo que levou à falta de ar na homilia na na Praça São Pedro. Desde os 21 anos, o papa vive sem parte de um dos pulmões que precisou remover devido a cistos, o que agrava sua vulnerabilidade a problemas respiratórios.
Em maio do ano passado, o pontífice tentou aplacar as preocupações com o seu estado de saúde. Apesar de também ter sido hospitalizado em 2023 devido a problemas no intestino e de sofrer com outros problemas de saúde, como mobilidade reduzida (ele usa bengala e cadeira de rodas) e resfriados, ele escreveu em sua autobiografia que tinha uma “boa saúde”, acrescentando: “se Deus quiser, ainda há muitos projetos a realizar”.
Na obra “Vida: Minha história através da História”, ele também sanou as dúvidas sobre o que faria caso precisasse abdicar por questões de saúde, adiantando que já havia assinado “no início do pontificado a carta com a renúncia que está depositada na Secretaria de Estado”. Ele explicou, ainda, que não deseja ser chamado de Papa Emérito, mas simplesmente Bispo emérito de Roma. Apesar de tudo, mais uma vez, reforçou que a ideia de que retira o Anel do Pescador de seu dedo antes da morte é quase impossível.
“Esta é uma hipótese distante, porque não tenho razões suficientemente sérias para me fazer pensar em desistir”, concluiu Francisco no livro.