Na música, é comum usar o termo “supergrupo” para se referir a músicos extraordinários que se juntam em projetos especiais. Como quando Bob Dylan, George Harrison, Roy Orbison, Tom Petty e Jeff Lynne (da Electric Light Orchestra) se reuniram no Traveling Wilburys. Ou Johnny Cash, Willie Nelson, Waylon Jennings e Kris Kristofferson tocaram juntos como The Highwaymen.
A comparação com os supergrupos da música é válida para descrever a reunião entre os chefs Luiz Filipe Souza, do Evvai, Nello Cassesse, que comanda o restaurante Cipriani, dentro do Copacabana Palace, e Floriano Pellegrino, italiano à frente do Bros, em Lecce, na região da Puglia. O trio vai cozinhar junto no Y, restaurante com menu assinado por Souza que fica no Hotel das Cataratas, do grupo Belmond, em Foz do Iguaçu, nesta sexta-feira, 31.
O encontro é especial por vários motivos. Para começar, será um jantar quatro estrelas Michelin – o Evvai tem duas e o Cipriani e o Bros têm uma cada. Além disso, os três são conhecidos pela sólida base de gastronomia italiana, mas também pela interpretação inovadora que fazem dela. Souza trabalhou com o chef Salvatore Loi na época em que ele comandava a cozinha do Fasano, e desde então desenvolveu sua cozinha Oriundi (termo que designa os imigrantes e descendentes de italianos), com sotaque brasileiro. Já o Cipriani de Nello Cassesse acabou de receber o título de melhor restaurante italiano fora da Itália. E Pellegrino foi condecorado com três facas, reconhecimento máximo na premiação The Best Chef Awards.
Nesta semana, Luiz Filipe Souza recebeu Pellegrino em seu restaurante, o Evvai, em São Paulo. O menu de 10 tempos intercalou criações dos dois chefs, mostrando suas visões contemporâneas da gastronomia italiana. Souza, por exemplo, serviu uma pizza de carne com caviar e flor de sabugueiro, um delicado equilíbrio de sabores salgados e adocicados. Pellegrino serviu uma ostra sobre uma fina camada de pimentões verdes, ao lado de esferas de pepino – harmonizado com um Sauvignon Blanc muito fresco pelo sommelier Marcelo Fonseca.
Entre os pratos principais, destaque para a excelente lasanha de língua com cogumelos selvagens preparada por Souza, novidade que ele apresentou no jantar especial, e a pasta com ervilha branca e gema caipira de Pellegrino, que o chef italiano apresentou como sua versão do que considera uma “gastronomia italiana progressiva”.
O jantar a seis mãos no Y custa R$ 495, sem bebidas. Ainda há vagas.