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Cerco a Bolsonaro se fechou em 2024, mas desfecho do caso tem longo caminho

Se Jair Bolsonaro ainda sonhava com a possibilidade de ser beneficiado com uma anistia política, consolidar-se como principal expoente da direita e concorrer nas eleições presidenciais de 2026, suas chances minguaram consideravelmente depois que a Polícia Federal concluiu, no fim de novembro, o inquérito que aponta o capitão como articulador e beneficiário de uma trama que golpearia a democracia para mantê-lo no poder. Indiciado pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático e organização criminosa, o ex-presidente foi acusado de dirigir e executar um plano que previa, entre outros desatinos, atentar contra o ministro Alexandre de Moraes, o presidente eleito, Lula, e seu vice, Geraldo Alckmin. O grupo criminoso envolveu mais 39 pessoas, incluindo ex-ministros do governo e oficiais de várias patentes das Forças Armadas. A julgar pelo que concluiu a PF, especialmente depois da prisão do general Braga Netto, a situação jurídica do ex-­presidente ficou extremamente complicada. Ele pode ser sentenciado a uma pena superior a 28 anos de prisão em caso de condenação.

O inquérito reuniu um conjunto de provas e depoimentos mostrando que Bolsonaro, após perder as eleições, elaborou com seus assessores mais próximos planos para impedir a posse de Lula. O ex-presidente já admitiu que conversou com generais sobre a possibilidade de implementar medidas extremas, como a decretação do estado de sítio, mas isso, segundo ele, fazia parte de estratégias de contingência caso se confirmasse que teria havido fraude no processo eleitoral, o que não aconteceu. Sobre o atentado contra Moraes, Lula e Alckmin, redigido por um general que ocupava um cargo no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirma que desconhecia a ação. A investigação agora será analisada pela Procuradoria-Geral da República, que pode denunciar ou não os envolvidos ou pedir novas diligências — decisão que deverá ser conhecida apenas em 2025 e que dará início a um processo judicial que pode estender-se por anos. Ainda há, portanto, um longo caminho até o desfecho do caso, mas uma coisa é certa: o cerco ao ex-presidente se fechou.

Publicado em VEJA de 20 de dezembro de 2024, edição nº 2924

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