Por que decidiu revisar o livro Filmes Proibidos (Record) e resgatá-lo em uma nova edição 35 anos depois da primeira? Nas minhas redes sociais, comecei a receber muitos comentários sobre esse romance após lançar um livro de crônicas no ano passado, o Manual para Corações Machucados. Quando meus seguidores começaram a resgatar Filmes Proibidos, me veio a ideia — e achei importante contextualizar como naquela época não se dava nomes a comportamentos tóxicos.
Com carreira consagrada no cinema e TV, o que a inspira a escrever livros? O amor é um grande tema na minha vida. Já escrevi um livro de poesia sobre a liberdade sexual da mulher, com erotismo, pois sempre preguei isso: que nós possamos buscar a própria felicidade, sem dever satisfações a ninguém. Porque sou uma mulher livre, movida pela paixão.
A sociedade evoluiu nesses 35 anos? Eu esperava que evoluísse bem mais, mas acho que nossa história é cíclica, progride e regride. Hoje, pelo menos, conseguimos apontar a misoginia, o racismo, o preconceito contra gênero e orientação sexual.
A senhora sempre foi bem resolvida com a maturidade. Envelhecer nunca a assustou? Sempre tive consciência de não permitir ser pressionada a nada, porque a opressão estética serve apenas para nos encolher. Muitas mulheres me dizem que eu abri o caminho para nós, mas eu nunca vi dessa forma. Só queria pavimentar o meu caminho.
Atrizes como Claudia Ohana, 62, e Claudia Raia, 58, têm vocalizado sobre o etarismo. O que pensa sobre a questão? É preciso falar certas coisas, mas, quanto mais você repete um problema, mais você o valida. Não adianta lutar contra a ideia que está aí, é preciso trazer uma nova. Ninguém precisa se encaixar em um padrão que a sociedade está impondo.
Voltaria a fazer novelas na TV ou no streaming? Eu preciso fazer uma coisa de cada vez. No momento, estou concentrada em escrever.
Seu casamento com Carlos Alberto Riccelli já dura 47 anos. Qual o segredo? Nós nunca fizemos as contas, nem celebramos uma data, porque cada dia é um dia. Tem hora que estamos namorando, em outra estamos levantando uma obra em casa ou produzindo um filme ou uma série. O mundo é que nos leva. O que eu tenho com o Ri é uma bela e linda aventura.
Publicado em VEJA de 21 de março de 2025, edição nº 2936