Em meio ao tarifaço anunciado (e depois suspenso) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo e o mercado avaliam o que aconteceria, se as exportações brasileiras fossem taxadas. Trump já afirmou que o Brasil é um dos países que “querem mal” aos americanos, devido às tarifas que aplica sobre as importações do Tio Sam. O fato, contudo, é que há mais de uma década, a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é marcada por um déficit na balança brasileira, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Iniciada em 1997, a série histórica mostra que o saldo comercial foi negativo para o Brasil em 19 dos últimos 28 anos – ou seja, o país importou mais dos EUA do que exportou.
Entre 2000 e 2008, o saldo comercial foi favorável ao Brasil, com um pico de superávit em 2005, quando atingiu 10 bilhões de dólares – resultado de 22,6 bilhões em exportações e 12,6 bilhões em importações.
O cenário se inverteu em 2009, quando o Brasil registrou um déficit de 4,4 bilhões de dólares no comércio com os Estados Unidos. Desde então, o saldo tem sido negativo, com o pior resultado em 2022, quando o prejuízo chegou a 13,8 bilhões de dólares – reflexo de 37,4 bilhões em exportações e 51,3 bilhões em importações.
Confira a série histórica:
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Em 2024, as exportações brasileiras para o país totalizaram 40,3 bilhões de dólares, correspondendo a 12% do total exportado, enquanto as importações de produtos americanos atingiram 40,6 bilhões de dólares, ou 15,5% das compras totais do Brasil.
Trump promete taxar importações
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já afirmou que considera as tarifas brasileiras excessivas sobre os produtos americanos. Por isso, à medida que o republicano avança com seu plano de taxação das importações na fronteira, o Brasil acende um sinal de alerta para possíveis cobranças adicionais no futuro.
Kevin Hassett, presidente do Conselho de Políticas Econômicas de Trump, afirmou que uma das alternativas estudadas pelo governo é “equiparar” as tarifas aplicadas entre os países, por meio da chamada Reciprocal Tariff Act. Nesse cenário, as tarifas sobre os produtos brasileiros poderiam aumentar significativamente, já que o Brasil impõe uma tarifa média de 11,2% sobre os produtos americanos, enquanto os Estados Unidos cobram, em média, 1,5% sobre os itens brasileiros.